sábado, 25 de dezembro de 2010

Uma Casa de Candomblé


    Para existir um Ilê (casa de candomblé), é necessário um Babalorixá ou Yialorixá, competente, iniciado dentro da lei, seguindo rigidamente ao longo dos seus anos de iniciação suas normas e preceitos, pois somente assim terá o aval, o consentimento, o asé necessário para desenvolvimento das suas atribuições, atributos esses consignados por seu iniciador no nosso plano material, e seu consequente desempenho com resultados positivos junto à sua comunidade, que só serão obtidos com a aquiescência dos orisás que os monitoram de forma permanente, permitindo ou até mesmo interrompendo uma situação de resultados realmente significativos, quer seja na sua leitura esotérica ou no trato com o povo. Como ninguém planta de manhã para colher à tarde, um Ilê com Asé, é estruturado com estudo, aprendizado, dedicação, humildade, respeito e principalmente, conduta ritual, a medida que vai "merecendo" os orisás vão lhe "dando" ao ponto de se obter uma estrutura suficiente, para o início das atividades de um novo Ilê.
Em alguns casos, até mesmo por falta de um controle e fiscalização, por parte de uma Confederação legitimada, decorrente da não organização dos adeptos, muitos por conveniência, tem casas que são verdadeiros comércios (não pelo fato de cobrarem algum benefício financeiro para sua manutenção e sustento) pelo exagero dos valores pedidos, se aproveitando do medo e da inocência de algumas pessoas, outras instituem total libertinagem por conveniência de seus comandantes e comandados, outras pela sua ignorância ou mal iniciação, em vez de ajudarem acabam causando um mal maior, e, infelizmente somos abrigados a conviver com essas situações que denigrem como um todo a nação candomblecista; Mas como Osalá é sublime essas barreiras de alguma forma são superadas, não colocando em risco a religião yorubá, e tão somente fornecendo subsídios à algumas alas de algumas Igrejas, que se aproveitam desses casos de exceções para se enaltecerem e nos escrachar, com objetivos de "angariar" mais fiéis, visando uma melhoria de arrecadação, mas como Deus é único, de alguma forma nos protege e seguimos adiante. As pessoas que frequentam uma casa de candomblé, basicamente são: praticantes, simpatizantes e usuários. A procura por esta religião tanto para prática como consulta, muito é em virtude de um atendimento pessoal e individualizado, em que as pessoas tem uma participação ativa, naquele instante a pessoa não é uma a mais numa multidão, mas o centro das atenções, de uma forma que possa canalizar toda sua fé, para obtenção do seu objetivo, e frise-se, a fé é fundamental e necessária para qualquer intento, onde cada um deve fazer o melhor possível a sua parte, no caso de quem está sofrendo a ação, comparecer fisicamente com o material no dia e hora marcado, quando solicitado ou orientado para tal, e fazê-lo com muita fé e dedicação.


    A hierarquia

    Observância de uma hierarquia rígida é o instrumento que mantém permanentes as instituições, como o Estado, o exército, a religião... sua tradução literal expressa: ordem e subordinação dos poderes eclesiásticos, civis e militares; graduação de autoridade, correspondente às várias categorias. Em princípio, é o tempo de iniciação religiosa que conta, vale o ditado - antiguidade é posto - seguido do Oye (cargo) que a pessoa ocupe; o mais velho é sempre o mais velho, não importa que mais moço tenha seu cargo religiosos de maior importância; exceção única, feita ao Babalorisá ou Yialorisá, que por poder absoluto, está acima de todo e qualquer outro. De casa para casa ou de nação para nação, variam os cargos e seus nomes, e um ou outro detalhe da escala hierárquica, Via de regra são: - abians - por exprimir uma vontade de participar, ou escolhido a fazer parte da comunidade, recebe do babalorisá, um fio de contas "lavado" (colar ritual, símbolo do orisá do neófito), ou tenha se submetido a um bori (dar "comida" à ori , cabeça física e astral); participam no Ilê, ajudando com tarefas civis, nas festas, na limpeza e arrumação e decoração do barracão, preparo de café e almoço, alguma ajuda na cozinha ritual, onde são preparadas as oferendas dos orisás e demais tarefas afins. - Iyawô - o iniciado, também chamado de adoxú (aquele que levou adoxum ), neste período não lhes são revelados segredos, ficará recluso alguns (que variam de 7 a 21, conforme sua nação), num lugar chamado roncó ou camarinha, um quarto fechado, com algumas esteiras, é confiado aos cuidados do seu ojúbonà (pai-pequeno ou pai-criador) que o auxiliará e ensinará alguns comportamentos durante todo período da iniciação, o qual juntamente com o iniciado, manterá resguardo neste período. Em um primeiro momento é feita a raspagem do cabelo, símbolo de submissão e humildade e preparo do oxú (o alto da cabeça, a moleira astral, chacra principal do corpo humano) para as obrigações principais. Neste período o iniciado tem como objetivo principal receber asé, a qual será responsável, pelo seu aumento e manutenção, através da rígida observância, da sua conduta ritual. Completados sete anos de iniciação, os iyawôs , após fazem sua "obrigação" ritualística que os 7 anos requer, tornam-se ègbónmí (egbomi - "irmão mais velho"), e tem direito a Ter seu próprio Ilê com a benção e autorização do seu babalorisá, bem como Poderá fazer parte do grupo dos Oloiês. - Oloiês`-, podem adoxús ou não-adoxús; os OGÃS, que quer dizer - chefe - podendo em alguns casos, ter seus otuns e osis ; os postos de AXOGUN, ALABÊ, OGOTUN, AFICODÉ, IPERILODÉ, ELEMOXÓ, ILÊIGBÓ, PEJIGAN em paralelo a IYAEGBÉ, IYAKEKERÉ (mãe pequena), BABÁKEKERÊ (pai pequeno), YIÁMORÔ, AJOIÊ ou EKÉDE, DAGÃ, SIDAGÃ, em casa de Sangô, o cargo da KOLABÁ, a IYÁ SIHA (relacionado a um ato litúrgico de Osalá), IYÁEFUN(BABÁ), IYÁLOSSAIN (BABÁ), IYÁBASÉ. Mais especificamente no ILÊ AXÉ OPÔ AFONJÁ tem os OBÁS DE SANGÔ, seis da direita (otuns), com voz e voto; seis da esquerda (osis) somente com voz. - Agbá - duas condições a um só tempo: a) antiguidade iniciática (mais de 50 anos); b) antiguidade cronológica (mais de 60 anos). - Iyálorisá - (Iyálasé)/Babalorisá. Uma fila hierárquica, a exemplo da que acontece nas "Águas de Osalá" assim e procede: Iyálorisá (babá), seguindo os demais Adoxú, quer sejam oloiês ou não, de acordo com o tempo de iniciação, sempre o mais velho na frente do mais moço, sendo a segunda da fila a(o) Iyáegbé (mais velho(a) adoxú do axé e segue a fila de acordo com o tempo de iniciação, atrás do último adoxú, alternando-se ogans e ajoiés, de acordo com o tempo de confirmação, atrás virão ao abians. O mais velho é tudo; sempre se é iyawô para o imediato "mais velho", no próprio "barco" (mais de um iniciado recolhido ao roncó para iniciação) de iyawôs encontramos a figura do mais velho, chamado dofono , e sucessivamente dofonitinho, fomo, fomotinho, gamo gamotinho... ao dofono é aquele a quem se pede a benção em primeiro lugar, devendo, este, contudo, ser o primeiro a servir seus demais irmãos mais moços. É muito importante o mais velho se colocar no difícil papel; é o responsável - sem que muitas vezes saiba - pelo futuro do seu mais novo, seus anseios, esperanças, fantasias...


    A quizila e as proibições

    A quizila é uma forma de reação negativa que atinge as pessoas, quer seja fisicamente, causando algum mal estar, ou, na vida pessoal gerando algum "atrapalho" ou perda; e, acontece quando comemos ou fazemos algo que não devemos; todos os orisás tem suas quizilas, e como filhos devemos respeitá-las, por exemplo: não devemos comer determinadas comidas, que são oferecidas aos orisás, pelo fato que, quando oferecemos à eles esta comida, eles "transformam" as energias daquela comida, em energia positiva para nós, das quais estamos precisando constantemente, portanto é comida do orisá, não nossa. A quizila, em alguns casos, é como se fosse uma "alergia" natural, que comemos alguma coisa, e imediatamente temos uma reação alérgica, porém a mais perigosa é aquela que não sentimos de imediato alguma reação, o que erradamente leva alguns filhos de santo, usarem, um sistema, Ah! Eu comi, não fez mal, não terá problema, aí é que se enganam, pois a reação virá quando menos esperam, atingindo de alguma outra forma. Os iniciados sabem o que devem respeitar, se não o fazem é por serem descomprendidos, evidente que há casos de desconhecimento, por uma má iniciação, e muito mais valor terá, se gostarmos daquilo que não podemos, pois é muito fácil se evitar, o que não gostamos. As proibições mais comuns, são com relação a determinadas comidas, temperos, folhas, bebidas, cores...

Ori


Orí

Combinação de ODU de IFÁ - IRETE (14) e OFUN (16)

"ATEFUN - apelido de Ifá sábio - Adivinhava o oráculo às 401 divindades, estavam indo ao estado de perfeição, o sábio de ORI "adivinhou" oráculo para ORI; ORI estava indo ao estado de perfeição (ÒDE-ÀPÉRÉ), mandou-lhe fazer sacrifício, SOMENTE ORI, O ÚNICO QUE FEZ, O SEU SACRIFÍCIO FOI ABENÇOADO, portanto ORI é maior que todas as divindades, ORI é mais forte que as divindades, somente ORI chegou no estado de perfeição. O iniciado sacrificou! ORI é forte, mais que os orixás."

Para qualquer Yoruba, a palavra ORI tem uso amplo. ORI num primeiro momento quer dizer cabeça; e simboliza também - o ápice de todas as coisas; o mais alto desempenho, portanto contém o superlativo ou seja o Zénite. Por exemplo, a cabeça é a parte mais alta e mais importante do corpo humano, é a moradia do cérebro que controla o corpo inteiro. O líder ou chefe de qualquer organização é referido como "Olóri" (a cabeça), ORI é cabeça, cabeça é alta, alto é supremo e o ser supremo é ÔLÔDUMARÊ (Deus maior).

No corpo humano ORI se subdivide em duas colocações:

1) a cabeça física - é o crânio humano, onde está o cérebro que usamos para o pensamento e controle das outras partes do corpo; consciente ou inconsciente; os olhos para tudo ver; o nariz para respirar e cheirar; orelhas para ouvir; a boca para alimentar e falar; a língua para saborear; nossa essência masculina ou feminina está na cabeça, o rosto que dela faz parte nos distinguem uns dos outros, imprimindo uma identidade individual; sem a cabeça o homem e mulher seriam como qualquer "X".

2) a cabeça espiritual está subdividida em mais duas partes a saber:


Cabeça Espiritual

APARÍ-INÚ (Cabeça espiritual interna) - ORÍ-ÀPÉRÉ (santo pessoal, destino ou parte divina de cada um: escolhido no domínio de ÀJÀLÁ - divindade de ORÍ.

ORÍ-ÀPÉRÉ é acumulação de destino individual; Isto é: ÀKÚNLÈYÀN, ÀKÚNLÈGBÁ e ÀYÀNMÓ.

AKUNLEYAN é a parte do destino que cada um escolhe por vontade (livre arbítrio) própria AKUNLEGBA é a parte do destino o qual está adicionada como complemento de AKUNLEYAN AYANMO é aquela parte do destino que nunca pode ser mudado. Por exemplo - pais, sexo, karma, etc. Mas Akunleyan e Akunlegbá podem ser melhorado enquanto Ayanmó não pode ser modificado . O destino ORÍ-APÉRÉ está escolhido no domínio de AJALÁ (divindade de Orí)

APARI INÚ é de caráter individual, uma pessoa poderia chegar a terra com bom destino, mas, sem boa conduta; A maldade da cabeça espiritual interna danificará definitivamente o bom destino, o inverso também acontece. Porém o "destino" pode ser modificado, numa certa medida, quando certos segredos são conhecidos, dentro de um contexto e conhecimento da Teologia Yorubana.

Contudo ORÍ é o mais importante entre as divindades. Na ordem de importância - o primeiro é Orí; o segundo é a mãe, e se ela tenha morrido, seu espírito; em terceiro lugar é o pai, e se tenha morrido, o seu espírito; em quarto lugar, IFÁ e a seguir, seu orixá e as outras divindades. (Por Gbolahn Okemuyiwa e Awo Ademola Fabunmi - traduzido por: Adélékè Àdìsá Ògún)

Ser humano - somatória - O Criador, o procriador, procriadora e ser procriado.

Para ser adivinhador, no sentido mais elevado é "SER DIVINO", provido de conhecimento e alguma coisa ainda mais misteriosa.

Os dois sinais da divindade humana ou humanidade divinizada são: predições e milagres. Para ser um Profeta é ver ante mão os efeitos; os quais existem causas, ler a luz transcendental; fazer milagres é agir sobre agente universal e sujeitá-lo a nossa própria vontade





Òrúnmìlà


Deus do destino, regente dos oráculos, Òrúnmìlà é um outro nome de Ifá.

Não é Orisá.
Encontra-se num plano mítico e simbólico superior ao dos outros orisás. Se Olórún é o ser supremo dos yorubás, o nome que dão ao Absoluto, Òrúnmìlà é a sua emanação mais transcendente, mais distanciada dos acontecimentos do mundo sub-lunar.

Ritual de Òrúnmìlà é extremamente rico e complexo e atesta a profundidade da tradição yorubá preservada, em alguns lugares no Brasil, tornando-o de fato equivalente, em riqueza mítica e simbólica.

Na tradição de Ifé é o primeiro companheiro e "Chefe Conselheiro" de Odùduà quando da sua chegada à Ifé. Outras fontes dizem que ele estava instalado em um lugar chamado Òkè Igèti antes de vir fixar-se em Òkè Itase, uma colina em Ifé onde mora Àràbà, a mais alta autoridade em matéria de adivinhação, pelo sistema chamado Ifá. É também chamado Àgbónmìrégún ou Èlà. É o testemunho do destino das pessoas e, por esta razão, é chamado Eléèrì Ìpín.

Os babalaôs (pais do segredo), são os porta vozes de Orunmilá, que não é Orisá nem ebora. A iniciação de um babalaô não comporta a perda momentânea de consciência que acompanha a dos orisás. Não se trata de ressucitar no incosciente do babalaô o "eu perdido", correspondente à personalidade do ancestral divinizado.
É uma iniciação totalmente intelectual. Ele deve passar um longo período de aprendizagem, de conhecimentos precisos,em que a memória, principalmente, entra em jogo. Precisa aprender uma quantidades de Itans (histórias) e de lendas antigas, classificadas nos duzentos e cincoenta e seis odú (signos de Ifá), cujo conjunto forma uma espécie de enciclopédia oral dos conhecimentos do povo de língua yorubá.

Todo indivíduo nasceu ligado a um desses 256 odú. No momento do nascimento de uma criança, os pais pedem ao babalaô para indicar a que odú a criança está ligada. O odú dá a conhecer a identidade profunda de cada pessoa, serve-lhe de guia na vida, revela-lhe o orixá particular ao qual ele deve eventualmente ser dedicada, além do da família, e dá-lhe outras indicações que a ajudarão a comportar-se com segurança e sucesso na vida.
Dois sistemas permitem ao babalaô encontrar o signo de Ifá que está sendo procurado, chave do problema que lhe apresenta o consulente. Um deles é bastante elaborado, manipula-se de acordo com certas regras, dezesseis caroços dos frutos do dendezeiro, chamados "coco de Ifá", os ikin ifá, o outro é mais simples e consiste em utilizar um opele ifá, uma corrente onde estão enfiadas oito metadas do caroço de uma certa fruta.

Um odú de ifá é formado pelo conjunto de duas colunas verticais e paralelas, de quatro índices cada uma; cada índice compõe-se de um traço vertical ou de dois traços verticais. Há dezesseis combinações possíveis para cada uma das colunas e cada uma delas tem um nome.

1) Ogbè
2) Oyèkú
3) Ìwòri
4) Òdí
5) Ìrosùn
6) Òwónrín
7) Òbàrà
8) Òkànràn
9) Ògúndà
10) Òsá
11) Ìká
12) Òtúrúpòn
13) Òtúrá
14) Ìrètè
15) Òxé
16) Òfún

Cada um desses dezesseis nomes justapostos, com eles mesmos ou com algum dos quinze outros, forma o nome de um dos duzentos e cincoenta e seis odú.

Orunmila embora não seja um orisá, participa muitas vezes nas histórias de Ifá, da vida e das aventuras dos deuses yorubás.


terça-feira, 26 de outubro de 2010

Oração a Santa Sara Kali


Morri Dei Santa Sara
Que andro traio naclin e moria
Tiro patiamos tsodian o traio nevo
As le manuchi que tussa sas
Tu que san Deulicani
Kai sa amem camasto
Dei as le Romeng
Dei lachi Kai ertis
Kai les sama le Romen
Tu kai janes so amem nacas
Tu kai janes o nassulimos but data ândre
Andar ando ilo le manuchesco
Dik pe amende
Chude pe tire chavê , tiro lusso,
dragussuime
Le amem sama ai   amare droma, te aven
bárrtalê
Ai sativeste
Ninguer amem tche vastessa ai droma  putarde
Amare familía , ai tso ando manuchi mai
draguestosso
Te avel
Chude tiro lusso, ande tire cheia, te chai
aven lê chave,
Ande pesco traio
Dik pe amende, ando nassulimos, le sama
amaro ilô 
Le chassuria
Le rrolharico, le sama nassulimos e catar
amarê dusmaia
Ai chude pe amaro  chêro tiro bragossuimos
Sara Kali, amaro Dat Baro chai ningueras
amaro
rudimos  ai  putrel amare droma
que tiro lusso bariol  ando Del
Ai te aves Bari mascar amende  sorro traio.

Tradução para o idioma Romani


Minha Mãe e querida Sara Kali,
que em vida atravessaste os mares
e com vossa fé levaste à vida novamente
todos que contigo estavam;
Vós que Divina e Santa és
amada e cultuada por todos nós,
mãe de todos ciganos e do nosso Povo
Senhora do amor e da misericórdia
Protetora dos Rom
Vós que conhecestes o preconceito e a 
diferença
Vós que conhecestes a maldade muitas
vezes dentro do coração humano
Olhai por nós
Derramai sobre vossos filhos, vosso amor
vossa Luz e vossa paz
Dái-nos vossa proteção para que nossos 
caminhos
Sejam repletos de prosperidade e saúde
Carrega-nos com vossas mãos e protegei nossa 
liberdade,
nossas famílias e colocai no homem mais
fraternidade
Derramai vossa Luz nas vossas filhas, para que 
possam
gerar a continuação livre  do nosso povo
Olhai por nós em nossos momentos de
dificuldade e sofrimento, acalmai nossos 
corações
nos momentos de fúria, guardai-nos do mau
 e dos nossos inimigos,
derramai em nossas cabeças vossa Paz
para que em paz possamos viver
abençoai-nos com Teu amor
Santa Sara Kali, que ao Pai celestial possas 
levar
nossas orações e abrandar nossos caminhos
Que Vossa Luz possa sempre aumentar em
Teu
 Amor, misericórdia e no Pai
E que asssim sejas louvada para todo o 
Sempre.

Prece de Cáritas

Deus, nosso Pai, que sois todo Poder e Bondade, dai a força àquele que passa pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade; ponde no coração do homem a compaixão e a caridade! 

Deus, Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso. 
Pai, Dai ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, e ao órfão o pai!

Senhor, que a Vossa Bondade se estenda sobre tudo o que criastes. Piedade, Senhor,  para aquele que vos não conhece, esperança para aquele que sofre. Que a Vossa Bondade permita aos espíritos consoladores derramarem por toda a parte, a paz, a esperança, a fé.

Deus! Um raio, uma faísca do Vosso Amor pode abrasar a Terra; deixai-nos beber nas  fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão. 
E um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e de amor.

Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com os braços abertos, oh Poder!, oh Bondade!, oh Beleza!, oh Perfeição!, e queremos de alguma sorte merecer a Vossa Divina Misericórdia.

Deus, dai-nos a força para ajudar o progresso, afim de subirmos até Vós; dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho onde se refletirá a Vossa Divina e Santa Imagem.
Assim Seja.

A prece, denominada De Cáritas, tem sido querida e contritamente orada por várias gerações de espíritas.
CÁRITAS era um espírito que se comunicava através de uma  das grandes médiuns de sua época - Mme. W. Krell - em um grupo de Bordeaux (França), sendo ela uma das maiores psicografas da História do Espiritismo, em especial por transmitir poesia (que se constitui no ácido da psicografia), da lavra de Lamartine, André Chénier, Saint-Beuve e Alfred de Musset, além do próprio Edgard Allan Poe. Na prosa, recebeu ela mensagens de O Espírito da Verdade, Dumas, Larcordaire, Lamennais, Pascal, e dos gregos Ésopo e Fenelon.

A prece de Cáritas foi psicografada na noite de Natal, 25 de dezembro, do ano de 1873, ditada pela suave Cáritas, de quem são, ainda, as comunicações: "Como servir a religião espiritual"e "A esmola espiritual".
Todas as mensagens que Mme. W. Krell psicografada em transe, e, que chegaram até n;os, encontram-se no livro Rayonnements de la Vie Spirituelle, publicado em maio de 1875 em Bordeaux, inclusive, o próprio texto em francês (como foi transmitido) da Prece de Cáritas.
(Extraído publ. EDICEL)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Orisa

Um babalaô me contou:
"Antigamente, os orisás eram homens.
Homens que se tornaram orisás por causa de seus poderes.
Homens que se tornaram orisás por causa de sua sabedoria.
Eles eram respeitados por causa de sua força,
Eles eram venerados por causa de suas virtudes.
Nós adoramos sua memória e os altos feitos que realizaram.
Foi assim que estes homens tornaram-se orisás.
Os homens eram numerosos sobre a Terra.
Antigamente, como hoje,
Muitos deles não eram valentes nem sábios.
A memória destes não se perpetuou
Eles foram completamente esquecidos;
Não se tornaram orisás.
Em cada vila, um culto se estabeleceu
Sobre a lembrança de um ancestral de prestígio
E lendas foram transmitidas de geração em geração para
render-lhes homenagem".

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Osun

Máa bò ya  
Ìyá bò ya
Omi jéjé
Omi nibú
Máa bò ya
Ìya bò ya                                          

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Dicionário

Abadá - Veste branca ou de cor de mangas largas, usada pelo Yorubás. Abadô - Parte da vestimenta da Orixá Oxum.
Abalô - Nome dado a Oxum quando brinca com o leque.
Abará - Bolo feito com massa de feijão-fradinho, cebola, camarão-seco, sal, enrolado com folhas de bananeira e cozido no vapor de água quente.
Abassá - Terreiro de Candomblé que segue os preceitos da nação Angola.
Abatá - Sapato ou qualquer tipo de calçado.
Abê - Tida como irmã gêmea de Badé, vodum feminino cultuado no Maranhão.
Abebê - espelho usado por Oxum e Iemanjá.
Abelê - leque usado por Oxum.
Abiã - Pessoa que está nascendo para o culto.
Abikú - Uma criança que morre logo após o parto para atormentar os pais, nascendo e renascendo indeterminadamente.
Abiodun – Título de um dos Obás de Xangô.
Abô - banho de proteção feito de ervas litúrgicas para o culto, concedido ao iniciado.
Abomi - Um dos nomes atribuídos a Oxum e a Xangô, em cultos ligados a água. Abomi quer dizer ao Orixá: aceite água.
Acarajé - comida ritual da Orixá Oyá-Iansã. Na África é chamado de àkàrà, enquanto je significa comer. No Brasil foram unidas as duas palavras acara-je.
Acaçá - é uma comida ritual do candomblé e da culinária baiana. Feito com milho branco ou milho vermelho. Todos Orixás recebem o Acaçá como oferenda.
Adarrum - Toque do Orixá Ogum.
Adarrun - Toque rápido e contínuo dos atabaques para chamar os Orixás nas cabeças dos filhos de santo; para forçar os deuses a descer.
Adé - Homem com trejeitos femininos, homem afeminado.
Adiê – Galinha preparada para sacrifício aos Orixás.
Adjá - sino de alumínio ou cobre de três bocas.
Ado - é uma Comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado com azeite de dendê e mel, é oferecido principalmente à Orixá Oxum.
Adobalé - Nome dado ao ato de deitar-se no chão para ser abençoado pelo Orixá.
Adoxu - estado em que o iniciado já pode incorporar o orixá.
Adun - Comida de Oxum feita com milho torrado e moído, com um pouco de azeite de dendê e mel de abelhas.
Adupê - Bode.
Afoman - Um dos nomes do Orixá Omulu, em Candomblés baianos. Deriva de Afomó: contagioso, infeccioso
Afejewe - início da raspagem do iaô.
Afoxé - é um instrumento musical composto de uma cabaça pequena redonda, recoberta com uma rede de bolinhas de plástico parecido com o Xequerê sendo que o afoxé é menor.
Afoxé - é um ritmo do Candomblé.
Afoxé - também chamado de Candomblé de rua - é um cortejo de rua que sai durante o carnaval de Salvador, Bahia.
Agodô - Umas das qualidades de Xangô no Brasil.
Agogô - é um instrumento musical de metal usado no candomblé. O nome vem de akokô, palavra nagô que significa "relógio" ou "tempo", assim como um som extraído de um instrumento metálico. Compõe-se de dois pedaços de ferro, um menor que outro, ou dois cones ocos e sem base, de tamanhos diferentes, de folhas de flandres, ligados entre si pelos vértices.
Águas de Oxalá - Cerimônia de purificação do terreiro. Esta Cerimônia marca o início do ciclo de festas litúrgicas nos Candomblés de origem Yorubá e Jeje no Brasil.
Agué - Nome de um vodum Jeje, que corresponde ao orixá Ossain.
Aguerê - Dança de Iansã.
Agueré – Toque cadenciado com 2 variações: uma para Oyá, outro para Oxóssi. É conhecido como “quebra-pratos”.
Aguidavi - são varetas utilizadas para a percussão dos atabaques no candomblé. São confeccionadas com pequenos galhos das árvores sagradas do candomblé. Seu uso é restrito aos rituais.
Aiê - A terra, o solo, sob o domínio de Obaluaiê.
Airá - Xangô velho – Uma das qualidades de Xangô.
Aisum - Ritual a que o iaô se submete na véspera da cerimônia de iniciação que consiste em jejuar e passar a noite em claro.
Aiuká - Fundo do mar, para o povo Banto.
Ajapá - Cágado, tartaruga. O animal sagrado de Xangô.
Ajé - Feiticeira
Akã - Faixa usada para amarrar no peito dos médiuns incorporados.
Akepalô - Sacerdote.
Akessan - Um dos nomes do Orixá Exú.
Akikó - Galo
Akirijgegbó – Freqüentador do Candomblé.
Akokem - Galinha D’angola.
Akukó - O mesmo que Akikó - Galo.
Alá - Deus para os daomeanos da nação Jeje.
Alabéê – Tocador de tambores líder no terreiro. Aquele que canta pontos de Candomblé.
Aladori - pano amarrado à cabeça.
Alafange - Objeto semelhante a uma espada.
Alafim - Uma das qualidades de Xangô.
Alagbê - É o Ogan responsável pelos toques rituais, alimentação, conservação e preservação dos instrumentos musicais sagrados Atabaques. Nos ciclos de festas é obrigado a se levantar de madrugada para que faça a alvorada. Se uma autoridade de outro Axé chegar no terreiro, o Alagbê tem de lhe prestar as devidas homenagens.
Alaketo - Nação do povo Iorubá-Nagô.
Alapini - é o Sacerdote Supremo do Culto aos Egungun, o atual Alapini no Brasil é Mestre Didi Axipá, presidente da Sociedade Cultural e Religiosa Ilê Axipá.
Alibã - Polícia.
Alojá - A dança do ritual de Xangô.
Aloyá - Senhora Oyá. O mesmo que Iansã ou filho de Oyá.
Aluá - Bebida feita com farinha de milho ou de arroz, fermentada em água com cascas de frutas, gengibre e um pouco açúcar. É servida nos terreiros de Candomblé, principalmente aos caboclos.
Aluaiê - Nação Jeje – Angola
Alubosa - Cebola
Alufam - O mesmo que olufóm, Senhor da cidade de Ifóm, a que mais cultua Oxalá.
Alujá - Batida de tambor especial para Xangô.
Amalá - é comida ritual do Orixá Xangô. É feito com quiabo cortado, cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê ou azeite doce.
Amobirim - Mulher que não casou , mulher solteira.

Amorim - pano virgem.
Ana – O mesmo que ontem.
Anamburukê - Um dos nomes de Nanã Burukê, a mais velha de todos os Orixás.
Angola - Região do sudoeste da África, de onde vieram negros escravos para o Brasil, trazendo vários dialetos de origem Bantu como Kimbundo, Embundo, Kibuko e Kikongo.
Angorô - Na nação angola, significa qualidade de Oxumarê.
Aôboboi - Saudação do Orixá Oxumarê.
Apaoká - Orixá da jaqueira, por ser muito cultuado nela.
Apará - Uma das qualidades da Orixá Oxum, quando se apresenta carregando uma espada.
Aré - Culto ao orixá Ogum na Nigéria.
Arê - Ruas e Encruzilhadas.
Aress - Um dos 12 ministros de Xangô.
Ariaxé - Banho ritual com folhas sagradas para os iniciados. Ariaxé também é o nome do local onde são feitos estes banhos.
Aridã - Fruto do qual se origina o Obi.
Arrobobô - Uma das saudações do Orixá Oxumarê.
Aruquerê - Objeto de metal usado por Oxóssi.
Anlodo - caminhada ritualística do iniciado.
Assentamento - recipiente onde se assenta a força dinâmica do orixá.
Assogba - Supremo sacerdote do culto de Obaluaiyê. O nome significa "consertador de cabaças", em iorubá.
Atabaque - De origem africana, usado em quase todos rituais afro-brasileiro, típico do Candomblé e da Umbanda e de outros estilos relacionados e influenciados pela tradição africana. De uso tradicional na música ritual e religiosa, empregados para convocar os Orixás. O atabaque maior tem o nome de RUM o segundo tem o nome de RUMPI e o menor tem o nome de LE.
Axé - força invisível, mágica e sagrada.
Babalaô - baba, pai; aô, completo, tudo; "um pai para tudo".
Bori - cerimônia destinada a "reforçar a cabeça" do iniciante.
Brajá - colar de búzios com aparência de escamas de serpente utilizado por Oxumaré.
Búzios - conchas cônicas utilizadas para adivinhação.
Candomblé - casa onde batem os pés." Seita afro-brasileira com centenas de adeptos no Brasil.
Cauris - búzios.
Contra-egum - trança feita de palha-da-costa que, amarrado no braço do iaô, tem a função de afastar os mortos.
Curas - espécie de tatuagens desenhadas na cabeça e em algumas partes do elegum no ritual de iniciação.
Dobale - tipo de reverência do iniciado se o Orixá protetor for do sexo feminino.
Ebó - ritual destinado a afastar os elementos desordeiros indicados pelo desequilíbrio do iniciado.
Efum - espécie de giz branco utilizado no rito de iniciação para marcar o corpo do elegum e também nos assentamentos.
Egum, egungum - Espírito de pessoa morta que retorna à Terra em certos rituais. Segundo a tradição, é uma espécie de orixá individual que todo o ser humano tem; ele deve ser bem tratado pois é um ancestral do iaô. O culto é proibido às mulheres. A Iyagan é a única sacerdotisa que pode participar do culto.
Ejé - sangue derramado na cerimônia de iniciação.
Elegum - eleito, preferido do orixá.
Eni - esteira feita de uma palha trançada, onde os iniciados dormem até o complemento das obrigações.
Epó - azeite-de-dendê.
Erê -espírito de (ou sob a forma de) criança que prepara o iaô para receber seu orixá.
Erukerê - rabo-de-cavalo usado pelos reis, característico de Oxossi.
Feitura de santo - iniciação ou processo em que os duplos sobrenaturais dos elementos psíquicos da pessoa são fixados em um objeto simbólico e sua contraparte é fixada na cabeça do iniciado.
Ibá (Igbá) - bacia utilizada na cerimônia de iniciação do iaô-elegum.
Ibiri - instrumento ritual de Nanã representado por um feixe de palitos de dendezeiro ornado com búzios.
Idés - pulseiras
Ifé - vasto; cidade nigeriana, capital religiosa iorubana.
Igbim - espécie de caramujo.
Iká - tipo de reverência do iniciado do sexo masculino.
Ilá - som que o iniciado emite quando irradiado do orixá para que as pessoas saibam que o iaô está possuído
irradiado.
Ilê - casa.
Irê - incisões feitas na cabeça do iniciado.
Iroko - árvore considerada sagrada pelos iorubanos.
Iruexim - instrumento ritualístico de Oxossi, representado por um rabo-de-cavalo.
Iyó - sal.

laô-elegum - filho-de-santo.
lfá - Orixá da adivinhação e do destino, mensageiro do Deus Criador. Espécie de oráculo que leva seu nome.
lgbo iku - floresta da morte.
lya kekerê - "braço direito" da mãe-de-santo.
Juntó, ajuntó - conjunto de forças dos Orixás do elegum.
Kelê - colar de contas com as cores do orixá.
Laguidibá - colar de Obaluaê feito de anéis de chifre de boi.
Mãe-de-santo - na tradição nigeriana, pessoa apta a desvendar as respostas dos deuses através dos búzios. Também é o nome dado à pessoa que inicia e orienta o iaô.
Mariwo - tipo de fibra de palmeira usada na confecção da roupa de Obaluaê.
Nagôs - termo usado pelos franceses para designar os escravos que falavam o dialeto iorubá.
Obatalá - "Deus do branco" que preside a cerimônia do efum. Criador dos seres humanos. Variante de Oxalá.
Obi - fruto de uma palmeira africana, usado no candomblé na adivinhação ou como oferenda aos Orixás.
Odu - caída dos búzios, resultado da jogada.
Ofá - arco e flecha, instrumento-símbolo de Oxossi e Logum.
Oga - camaleão.
Ogã - padrinho do culto africano ou brasileiro. Pessoa que toca os atabaques sagrados (apenas os homens são ogãs).
Okum - mar.
Olodumaré - um dos nomes do Deus Supremo.
Olofim, Olofim-Odudua - um dos nomes do Deus Supremo.
Olokum - (okum, mar) deusa do Oceano, esposa de Odudua.
Opelê-Ifá - tipo de colar aberto usado para adivinhação.
Orixá de cabeça - o principal orixá da pessoa.
Orukó - cerimônia de proclamação do nome.
Orum - céu.
Orumilá - (Orum, Céu; Alá, branco) Deus do Céu, Deus supremo.
Osum - tipo de tinta derivada do urucum.
Otá - pedra sagrada que contém parte do axé do Orixá.
Oti - pinga, cachaça.
Oxaguiã - forma jovem e guerreira de Oxalá.
Oxalufã - forma velha de Oxalá.
Oxé - machado de duas lâminas de pedra usado por Xangô.
Oxetuá - búzio fechado. O nome deriva do orixá de mesmo nome, filho de Oxum e de Orumilá, uma qualidade de Exu (mensageiro).
Oxum Okê - variante guerreira de Oxum.
Pai-de-santo - ver mãe-de-santo.
Paô - batidas de mãos ritmadas.
Padê - O Padê de Exú é um ritual executado antes de qualquer cerimônia interna ou pública do Candomblé, Exú é sempre o primeiro a ser homenageado.
Paxorô ou opaxorô - espécie de cajado utilizado por Oxalufã.
Peji - altar
Quizila - recusa de uma oferenda por um orixá.
Ronkó - nome do quarto onde o iniciado permanece sem o contato do mundo profano até o término da sua iniciação. No ronkó também estão os (quartos) assentamentos dos orixás.
Sacudimento - ritual de limpeza.
Terreiro - lugar destino ao culto dos Orixás onde os adeptos cultuam seus deuses pessoais através de danças ritualísticas.
Umbanda - religião afro-brasileira onde os seus integrantes cultuam entidades africanas sincretizadas aos santos católicos (chamados de encantados).
Viração - incorporação.
Waje - cerimônia onde a cabeça do elegum é pintada de azul-anil.
Xaxará - espécie de vassoura de Obaluaê feita de folhas de palmeira, decorada com búzios.
Zambi (Nzambi) ou Nzambi Mpungu - O Deus supremo e Criador nos candomblés de Nação Angola, equivalente à Olorun do Candomblé Ketu.
Zelador-de-santo, zeladora-de-santo - ver pai-de-santo, mãe-de-santo (o mesmo que ialorixá).

Pilão

Pierre Verger

Pierre Verger nasceu em Paris, no dia quatro de novembro de 1902. Desfrutando de boa situação financeira, ele levou uma vida convencional para as pessoas de sua classe social até a idade de 30 anos, ainda que discordasse dos valores que vigoravam nesse ambiente. O ano de 1932 foi decisivo em sua vida: aprendeu um ofício - a fotografia - e descobriu uma paixão - as viagens. Após aprender as técnicas básicas com o amigo Pierre Boucher, conseguiu a sua primeira Rolleiflex e, com o falecimento de sua mãe, veio a coragem para se tornar um viajante solitário. Ela era seu último parente vivo, a quem não queria magoar com a opção por uma vida errante e não-conformista.

De dezembro de 1932 até agosto de 1946, foram quase 14 anos consecutivos de viagens ao redor do mundo, sobrevivendo exclusivamente da fotografia. Verger negociava suas fotos com jornais, agências e centros de pesquisa. Fotografou para empresas e até trocou seus serviços por transporte. Paris tornou-se uma base, um lugar onde revia amigos - os surrealistas ligados a Prévert e os antropólogos do Museu do Trocadero - e fazia contatos para novas viagens. Trabalhou para as melhores publicações da época, mas como nunca almejou a fama, estava sempre de partida: "A sensação de que existia um vasto mundo não me saía da cabeça e o desejo de ir vê-lo me levava em direção a outros horizontes".

As coisas começaram a mudar no dia em que Verger desembarcou na Bahia. Em 1946, enquanto a Europa vivia o pós-guerra, em Salvador, tudo era tranqüilidade. Foi logo seduzido pela hospitalidade e riqueza cultural que encontrou na cidade e acabou ficando. Como fazia em todos os lugares onde esteve, preferia a companhia do povo, os lugares mais simples. Os negros monopolizavam a cidade e também a sua atenção. Além de personagens das suas fotos, tornaram-se seus amigos, cujas vidas Verger foi buscando conhecer com detalhe. Quando descobriu o candomblé, acreditou ter encontrado a fonte da vitalidade do povo baiano e se tornou um estudioso do culto aos orixás. Esse interesse pela religiosidade de origem africana lhe rendeu uma bolsa para estudar rituais na África, para onde partiu em 1948.

Foi na África que Verger viveu o seu renascimento, recebendo o nome de Fatumbi, "nascido de novo graças ao Ifá", em 1953. A intimidade com a religião, que tinha começado na Bahia, facilitou o seu contato com sacerdotes, autoridades e acabou sendo iniciado como babalaô - um adivinho através do jogo do Ifá, com acesso às tradições orais dos iorubás. Além da iniciação religiosa, Verger começou nessa mesma época um novo ofício, o de pesquisador. O Instituto Francês da África Negra (IFAN) não se contentou com os dois mil negativos apresentados como resultado da sua pesquisa fotográfica e solicitou que ele escrevesse sobre o que tinha visto. A contragosto, Verger obedeceu. Depois, acabou encantando-se com o universo da pesquisa e não parou nunca mais.

Nômade, Verger nunca deixou de ser, mesmo tendo encontrado um rumo. A história, costumes e, principalmente, a religião praticada pelos povos iorubás e seus descendentes, na África Ocidental e na Bahia, passaram a ser os temas centrais de suas pesquisas e sua obra. Ele passou a viver como um mensageiro entre esses dois lugares: transportando informações, mensagens, objetos e presentes. Como colaborador e pesquisador visitante de várias universidades, conseguiu ir transformando suas pesquisas em artigos, comunicações, livros. Em 1960, comprou a casa da Vila América. No final dos anos 70, ele parou de fotografar e fez suas últimas viagens de pesquisa à África.

Em seus últimos anos de vida, a grande preocupação de Verger passou a ser disponibilizar as suas pesquisas a um número maior de pessoas e garantir a sobrevivência do seu acervo. Na década de 80, a Editora Corrupio cuidou das primeiras publicações no Brasil. Em 1988, Verger criou a Fundação Pierre Verger (FPV), da qual era doador, mantenedor e presidente, assumindo assim a transformação da sua própria casa num centro de pesquisa. Em fevereiro de 1996, Verger faleceu, deixando à FPV a tarefa de prosseguir com o seu trabalho.