quarta-feira, 25 de julho de 2012

Criação do Mundo (Japão)


 A espuma do mar

Os gênios divinos Izanagi e Izanami foram encarregados pelos deuses celestes de criar o mundo. Que a tarefa mais difícil! O universo ainda estava no estágio do caos primitivo e parecia um oceano vasto e oleoso.
Lá em cima, estendia-se o céu, formado de partículas mais leves. E era só isso!

Izanagi e Izanami tinha nascido, como antes deles os deuses celestes, de embriões de vida que flutuavam aqui e ali nas estradas do oceano primitivo. No céu, onde  moravam, o gênio masculino Izanagi e sua companheira Izanami perguntavam a si mesmos como iriam cumprir sua missão.
Numa balsa celeste, percorreram toda a extensão de seu domínio, mas não encontraram nada que se parecesse com terra.

Se existe alguma terra, lá embaixo, onde caíram as partículas mais pesadas do Universo.
Então, foram buscar a lança de jade do céu, que era incrustada com mil pedras preciosas e brilhava com mil fogos. Usando-a como se fosse uma vara bem comprida, sondaram as profundezas desconhecidas.

Quando a ponta da lança encontrou a superfície do oceano, Izanagi e Izanami fizeram girar, tal qual uma colher a mexes numa panela. O liquido, que já era espesso, ficou ainda mais grosso, e os cristais que continha aglutinaram-se. Os gênios suspenderam a lança: dela caíram gotas que deram origem a uma ilha, chamada Onogoro, isto é, " Ilha que se modifica sozinha ".

- Vamos descer e viver nessa ilha - Propôs Izanagi - Nela, prosseguiremos nossa missão.

Os dois gênios, aproveitando um arco-iris como passarela, aterraram  em seu novo domínio. Lá, resolveram casar-se e criar outras terras, que amarrariam firmemente sobre o oceano, não muito longe do Onogoro. Assim, aquela primeira terra  passou a ser o pilar central do mundo.

Antes de unirem-se Izanagi e Izanami contornaram Onogoro para, simbolicamente, tomar posse da ilha. Izanami partiu para a direita, e Izanagi, para a esquerda. Quando se encontraram, o gênio feminino exclamou:

- Que alegria casar com você, Izanagi!
- Infeliz! - respondeu ele.
- Não devia ter falado primeiro, pois é mulher... Vamos fazer a cerimônia de novo...

dessa vez, tudo correu dentro da ordem, e a raiva de Izanagi passou. Da união dos dois gênios nasceram várias ilhas. Por causa do erro de Izanami na cerimônia de casamento, as primeiras não ficaram bem formadas, e o casal deixou-as flutuar à deriva no oceano.

As que surgiram depois tornaram-se as oito principais ilhas do Japão.

Na bolsa celeste, os gênios sondaram o oceano primitivo.

Por  Narayna Sad

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Criação do Mundo (Polinésia)

Os filhos do céu e da Terra


Antes de formar-se o mundo,não existia nada, nem sons, nem cheiros, nem formas, nem movimentos, nem vida, nem matéria. Só havia o vazio ilimitado, imperceptível.

Quanto tempo isso durou? Ninguém pode dizer, pois o próprio tempo nao existia.

No entanto, nessa escuridão imóvel surgiu um aroma, primeiro muito leve, entao cada vez mais forte. Flutuavano espaço inanimado. Nascera nos confins do vazio, na direção que muito mais tarde os homens chamariam Oriente. Depois, sempre desse mesmo lado, a escuridão rompeu-se e apareceu a luz. Nos raios dessa luz, dançavam grãos de poeira, pois o movimento e a matéria tambem haviam nascido. Estava começando a grande desordem que levaria à formação do Universo.

No espaço cósmico, ainda agitado e caótico, aos poucos se formaram dois elementos: A Terra (Papa) e o Céu (Rangi).

Papa e Rangi  flutuavam no espaço, distantes um do outro. Mas uma força irresistivél fez que se aproximassem. Será que o Céu estava apaixonado pela Terra? Podia ser, já que, quando conseguiram reunir-se, Papa e Rangi  ficaram bem abraçados. Em pouco tempo, no meio da escuridão encurralada entre eles, nasceram vários Deuses.

À medida que cresciam, os filhos do Céu e da Terra, sentiam-se apertados entre os pais. Estavam cheios de energia, mas nada podiam fazer, presos entre duas massas que pareciam inseparáveis. Então, eles resolveram agir.

Tu o mais violento, queria uma solução radical: matar Papa e Rangi. Mas os irmãos não aceitavam a proposta. Tawhiri penssava ter encontrado um meio de sair de junto dos pais sem separá-los. Como era o Deus dos ventos, foi fácil deslizar entre os dois e soltar-se.

Os outros Deuses, porém, não podiam fazer o mesmo. Precisavam separar o Céu e a Terra, com delicadeza, sem machuca-los.

Quem se encarregou disso foi Tane.

Ele era o Deus das florestas e esguiu o exemplo das árvores, cujas raízes fincam-se no chão enquanto a folhagem acaricia o Céu.
Apoiando os pés de encontro ao pai e a cabeça de encontro à mãe, foi enticando-se, esticando-se e conseguiu separar os pais. No mesmo instante a luz penetrou no mundo.

Mas não contavam com a cólera do Céu, Furioso por ter sido forçado a largar sua esposa, ele chamou Tawhiri e ordenou-lhe que lançasse uma tempestade sobre a Terra, onde seus irmãos tinham ficado. Tawhiri, contrariado com a separação dos pais, não se fez de rogado.

Com seu sopro forte, desencadeou vendavais, rasgou nuvens, levantou as ondas do mar ( onde seu irmão Tangaroa se refigiaria ), quebrou as árvores das florestas do Deus Tane e inundou as terras férteis sobre as quais reinavam os dois outros irmãos, Deuses da vegetação.

Foi uma debandada. Enquanto Tane conseguia, apesar da tempestade, manter os pais separados, os répteis que até então habitavam o fundo do mar saíram da água para refugiar-se nas florestas. Os Deuses da vegetação abandonaram seu domínio e foram esconder-se debaixo do solo.

Sozinho, o violento Tu continuou a batalhar contra seu irmão Tawhiri.
Foi um combate encarniçado. Quando finalmente Tu conseguiu dominar o Deus do ventos, as inundações recuaram, e a tempestade amainou. Derrotado, Tawhiri foi banido, condenado ao exílio ao ladodo pai, Céu. Depois, Tu voltou-se contra os irmãos que o haviamabandonado. Vencendo mais uma vez, confiou cada um  a seu dom´nio, mas reservou-se o direito de explorar as riquezas do mar, das florestas e do solo.

En fim, senhor de um mundo calmo e luminoso, Tu decidiu coroar sua obra de criação. Com um punhado de barro vermelho, modelou Hine, a primeira mulher, à qual se uniu para dar origem aos humanos.


Tane apoiou-se na Terra e elevou o Céu

Por Narayana Sad

Criação do Mundo (Finlândia)

A águia dos ovos de ouro


Luonnotar, moça linda e etéra, deslizava no azul. Fazia isso a anos, séculos talvez... Filha da natureza, flutuava no espaço infinito e deserto. Pouco a pouco, sentiu-se invadir por grande  cansaço. Estava farta daquela existência solitária, queria  conhecer outras coisas...

Longe, muito longe, no fundo do domínio aéreo de Luonnutar, ficava o mar, tambem o infinito. A moça tomou impulso e, a toda a velocidade, desceu das alturas onde vivia. Foi pousar em pleno oceano, sobre a crista da ondas. Quando soprou um vento violento, ela conheceu a tempestade e ficou muito tempo à deriva, jogada de um lado para o outro, como um barquinho frágil.

Depois,  veio a calamaria e Luonnotar sentiu dentro de si uma força nova. Soube então que estava esperando um filho, o qual só nasceria quando ela tivesse  preparado o mundo para recebê-lo.

Durante nove anos, Luonnotar explorou o mar  sem fim, na esperança de descobrir  uma praia onde pudesse parar para descançar.

Mas foi em vão. Estaria condenada a vagar para sempre sobre as ondas? Ficou com medo e chorou, implorando piedade ao Deus supremo , Ukko, senhor das  vastas regiões do ar.

Com os olhos ofuscados pelas lágrimas, não viu a àguia de enormes asas que voava sobre a imensidão marinha. Era uma fêmea, em busca de um lugar para constrir seu ninho. Mas, coitada, aquele mundo de água e vento não lhe oferecia nenhum abrigo,  e ela começou a distanciar-se lançando gritos muito tristes.

Luonnotar ouvi-a e, boiando de costas para melhor enxergar o pássaro, lenantou um joelho sobre as ondas. A águia mergulhou para ilhota providencial, onde logo contruiu um ninho e botou sete ovos - seis de ouro e um de ferro.

A ave chocou os ovos durante três dias. Luonnotar nem ousava mexer-se, mas ao fim do terceiro dia sentiu o joelho arder e não conseguiu permanecer imóvel. Esticou a perna e sacudiu-a. Os Ovos rolaram, cairam na água e quebraram-se. Entretanto, em vez de afundarem, os diferentes elementos que compunham  cada ovo transformaram-se, sob o olhar espantado de Luonnotar. As cascas quebradas dos ovos de ouro ficaram gigantescas. Umas subiram,  bem  leves, até as regiões mais altas do ar, onde, supensas, formaram a abóbada celeste. Outras se juntaram para formar a Terra. As gemeas tornaram-se o Sol; as claras, a Lua. Já os pedacinhos das cascas deram origems estrelas e às nuvens, confrme fossem  dos ovos de ouro ou do ovo de ferro.

Durante nove longos anos, Luonnotar continuou  à deriva. Agora, já podia distrair-se contemplando o novo mundo que a cercava. Mas acabou cansando-se outra vez, pois aquela Terra jovm era inteiramente plana e monótona. Por isso, no décimo verão, Luonnotar resolveu embelezá-la com esculturas. Para esse trabalho de artista, utilizou seu próprio corpo. Onde estendia o braço, nascia um promontório. Modelou o litoral alisando-o com os quadris ou batendo-o com a testa. Seus pés desenharam vales, e suas mãos criaramilhas e rochedos. Mergulhou no fundo do abismo marinho e escavou grutas e cavernas. Onde encostava o corpo, brotaram fontes fontes e rios.

Depois que se afastava, surgiram lagos, os quais serviam de espelho ao sol. Terminado o trabalho, Luonnotar enfim pôs no mundo o filho que trazia no ventre havia tantos anos - o herói Wainamoinen, que seria o primeiro e cultivar a Terra modelada por sua mãe.

Emergindo do Oceano, Luonnotar esculpiu a Terra.