domingo, 22 de abril de 2012

Maria Bernadina da paixão (Iya Adebolu)

Juntamente com ele, veio uma princesa do Ekiti-Efon , de nome Maria da Paixão (Adebolu), mais conhecidacomo Maria Violão. Trouxe como orisá particular, rei da nação, Olorokê (Aquele que é cultuado no alto). Como  Adebolu,  seu nome, significa  A coroa que cobre a  terra, símbolo  real  por  excelência. Por volta de 1860 Tio Firmino e Maria Bernardina fundam o Asé Oloroke no engenho velho de Brotas, onde encontra-se até hoje, plantando ali o Asé de Osun e com isto além de fundar uma casa, fundam também a Nação Efon. Mais tarde tio Firmino passa a viver maritalmente com Maria Bernardina da Paixão, que era sua governanta e  passam  a  dividir as  funções do Asé. Acredita-se que nesta época ambos já eram libertos. Os Igbás ou assentamentos dos orisás foram trazidos da África e estão até a presente data preservados no Ilê. Lá encontra-se a Osun de Tio Firmino e Oloke de Maria Bernardina entre outros. Apesar da libertação dos escravos, a perseguição à cultos Afros foi intensa, e conta-se que Tio Firmino foi preso por várias vezes. A árvore do Iroko, um dos símbolos da casa, foi plantada após a libertação dos  escravos, mas bem  no  final  do  século XIX,  e  a  muda  do Iroko veio  da  Casa  de  Osumarê. Outra história interessante do Iroko do terreiro do Oloroke, é que onde ele foi plantado era caminho das pessoas, pois ainda  não  haviam  muros  nem cercas e foi de baixo  do Iroko da casa, que a finada Mãe Runho da nação Jeje deu a luz a Nicinha Lokosi e esta  informação pode ser confirmada  por Nenê de Osagiyan, neto carnal de Runho e  por  outros  antigos  ligados  ao  Bogun. Tio Firmino  veio  a  falecer por  volta  de  1905  e  fica  à  frente do Axé Maria da Paixão (Adebolu). Maria Violão iniciouvárias pessoas, entre os quais podemos citar Mãe Milu que foi a Ya kekere do Asé, Matilde de Jagun (Baba Oluwa) sua sucessora e terceira mãe da casa,Cristóvão Lopes dos Anjos (Ogun Anauegi) , Celina de Yemonja(esposa de Cristóvão), Paulo de Xangô, filho carnal de Mãe Milu, Crispina de Ogun, a quinta pessoa a governar o Asé,  e  muitos  outros

Asé Oloroke Ti Efón

Efon é uma  nação grande e com  grandes orisás. Na África a nação ainda existe, e lá ainda cultua-se muitos orisás que se perderam no caminho  para o Brasil. Devido a influência Keto, a nação de Efon, perdeu um pouco de sua raiz que hoje tento resgatar. De uma forma simples e resumida tentaremos contar a história da casa que é o berço dos Efon no Brasil. O “Asé Yangba Oloroke ti Efon” ou simplesmente como é chamado o Terreiro do Oloroke, situado à Rua Antônio Costa (antiga travessa de Oloke) nº 12, no bairro do Engenho Velho de Brotas – Salvador – Bahia, para que quando alguém  ouvir  falar  de  nosso Asé, saibam  quem somos  e  de  onde  viemos.  Em  primeiro  lugar,  vamos  à  origem  na  África, mais exatamente  em   Ekiti-Efon  ( não confundir  com  Ifon, a terra de Oxalufon ), aqui no Brasil usa-se o termo “Lokiti Efon”, e onde reina absoluta aquela que é a rainha da nação no Brasil, Efon, ou seja, Osun. Pois é bom esclarecer que Osun, nossa matriarca, é nascida em Ekiti-Efon, onde ela era considerada a mãe de Logum Edé, Yemanjá e do Awujale de Ijebu-Ere, no estado de Ekiti (Onadele Epega).Para concluir  podemos  traduzir  o  nome da  divindade  Efon  dos tempos  Lailai como  sendo  Osun,  nome  de  seu  rio  e onde guardava seus tesouros, companheira inseparável de Olorokê que é seu pai, ficando assim esclarecido o porque  da  casa chamar-se terreiro do Oloroke e Oxun ser a dona do  Asé, sendo ele louvado juntamente com Osun nos nossos  principais  ritos. Pois bem, foi desta  localidade, que veio  para  o  Brasil  na  condição de escravos por volta de 1850, o fundador da nação no Brasil, um Tio Africano chamado José Firmino dos Santos, mais conhecido como, Tio Firmo (Osum Tadê), que veio da região de Ijesá que inclui Adô Ekiti, Ifon, Akurê, Ilesa, Ikirê, Ekiti Efon etc. Sua cidade natal  seria Ilesá, na antiga  Ijesá onde foi iniciado  para  Osum, e  foi  na  cidade de Ifon que ele se iniciou em Ifá  e  recebeu  o  nome de Baba  Erufá.

sábado, 21 de abril de 2012

FORÇAS ESPIRITUAIS


AÀJÀ - Espírito do Tornado
ABANIGBELE - Espírito do fogo, referência à consciência animada que existe numa chama.
AGAYU - Espírito do fogo no centro da Terra.
ÀGBÌGBÒ - Espírito da Floresta, que causa problemas.
AGEMO - Espírito da Floresta, cultuado em Ijebu, região da Nigéria.
ÀGUALA - Espírito do Planeta Vênus.
ÀJÀLÁ-MÒPIN - Orisá que dá forma às cabeças e forma a consciência de cada recém-nascido.
ÀJÉ - Espírito de um pássaro usado pelas mulheres (Iyami) para evocar poderes usados para trazer fartura e justiça. Este mesmo poder é usado para consagrar a coroa dos reis Yoruba. Também usado como referência a dinheiro ou abundância.
AJE SALUGA - Entidade elemental da abundância. Consagrado às mães (Iyami).
AKÓDÁ - Espírito de um Babalawo, Um dos 2 primeiros discípulos de Orunmilá.
ALÁÁÀNÚ - Orisá que ajuda a modelar a consciência antes do nascimento. “O Misericordioso”.
ALÚDÙNDÚN ÒRUN - Espírito Guardião do destino pessoal no Reino dos Ancestrais, fonte do Destino Pessoal.
ÀMÒKÁ - Orisá do sol
AMÚSAN - Um dos eguns filhos de Oya
APETEBI - Esposa do Orisá do Destino (Orunmilá)
ÀPÁRÍ-INÚ - Espírito interno individual de cada um
ARONI - Elemental da floresta, para alguns tem corpo de gente e cabeça de cachorro
ARÚKU - Orisá que eleva e transforma o espírito dos ancestrais
ÀSEDÁ - Espírito de um babalawo, Um dos 2 primeiros discípulos de Orunmilá.
ABANIGBELE - Espírito do Fogo. Referência à consciência animada que existe numa chama.
OBALUÀIYÉ - Orisá da superfície da Terra, associado às doenças infecto-contagiosas que são espalhadas pelo vento pela superfície da terra durante as estações secas e quentes.
DADA - Orisá dos Vegetais, também orisá que protege as crianças que nascem com tufos do cabelo.
EJUFIRI - Orisá que dá forma à consciência, a base da nossa força interior.
ELEKEJI ENI - Doublé espiritual.
ERINLÈ - Orisá da canção
ÈSÚ - Orisá mensageiro dos outros orisás, Também conhecido como aquele que prega peças, e que faz as coisas acontecerem, as dívidas serem cumpridas.
ÈDÁN - Aspecto masculino do Orisá da Terra, Onile.
EGBÉÒGBÀ - Orisá louvado pela sociedade das mulheres (Ìyáàmi).
ÈLÀ - Orisá da pureza, primeira encarnação do Orisá do Destino  (Òrúnmìlà).
ELÉDÀ - Criador, associado ao poder situado entre os olhos.
IBEJI - Orisá dos gêmeos
ÌBÉTA - Orisá dos trigêmeos
IKÚ - Orisá da morte
ÌPÒNRÍ - Descrito nos tratados de Ifá como um duble espiritual da pessoa, que mora no Reino dos Ancestrais (Ìkòlè Òrun).
IPONRI - Orisá que guia a consciência de uma pessoa.
ÌPÒRÍ - Dedão do pé. Na reverência de Ifá aos ancestrais, o dedo grande do pé é o local onde a consciência pessoal (Ori) faz a ligação com a consciência ancestral (Ori Egun)
ÌRÀWÒ ALÉ - Estrela Sirius, referida nos tratados de Ifá como “Estrela Canoa”.
IRÉPÒ - Espírito de Cooperação
KORÍ - Aquele que cria a cabaça do eu interno.
MÁGBÉÈMITÌ - Aquele que dá forma à consciência
ODÙ - Espírito do Ventre da Criação
ODÙDÚÀ - O mesmo que Odùdúwà.
ODÙDÚWÀ - Espírito do Caráter Negro, negro é uma referência simbólica para o que é invisível. Oposto a iluminado. Em algumas regiões da Nigéria este orisá é a deusa primal, em Ile Ifé este espírito é o ancestral masculino original da cultura ioruba.
ODUMARE - Variação regional de Olodumare, Fonte da Criação.
OFERE - Espírito da Estrela Matutina
ÒGÚN - Orisá do Ferro
ÒJÌJÍ - Espírito da sombra, criado pela manifestação física das emoções negativas de uma pessoa.
ÒJÒNTARÌGÌ - Orisá feminino, esposa do orisá da morte (Ikú).
OLÓDÙMARÈ - Ser Supremo da Criação.
OLÓFIN - Orixá das Leis, significando “Aquele que possui as Leis”.
OLOJONGBODU - Esposa da Morte (Ikú).
OLÓKUN - Orisá do Oceano.
OLÓORE - Orisá que dá forma à cabeça das crianças, antes do nascimento.
OLORÍ - MÉRÌN - “Dono das quatro cabeças”, orisá que protege as cidades
OLOSA - Orisá da Lagoa
OLUMU - Orisá da Compreensão.
OLÚWORÍOGBÓ - Orisá que faz as cabeças, significa “Criador das Cabeças na Floresta”.
ONÍLÉ - Orisá da terra, significa “Dono da Terra”.
OÒRÙN - Orisá do Sol.
ÒÒSÀOKO - Orisá da Fazenda.
OPÈLÉ - Esposa de Orunmilá
ORÍ - Cabeça no uso comum. Orisá da Consciência
ÒRÌSÀ AGBALA - Orisá guardião do Pátio dos fundos, do fundo do quintal, irmão mais novo de Orisá Oko (Orisá da Fazenda).
ÒRISÀ-BI - Orisá Esposa de Orungan.
ÒRÒ - Orisá da Floresta, invocado como parte dos rituais de funeral de Ifá.
OSU - Orisá da Lua, filha de Sangô, o orisá do Raio.
ÒSÙMÀRÈ - Orisá do arco-íris.
OSUN - Orisá protetor da Consciência Individual
YANSA - Orixá Mãe do orisá do Vento (Oya) significando “Mãe dos Nove”.
OYE - Orisá do Vento Harmattan (Um vento da África) Mora na montanha Igeti com Esu, aspecto masculino do Orisá dos Ventos (Oya)
OBA ÌGBÀLÁYÉ - Orisá das 4 estações, significando Rei da Cabaça da Terra
OBALÙFÒN - Orisá que protege os artistas.
OBA OKE - Orisá da Montanha.
OBÀTÁLÁ - Orisá rei da Roupa Branca.
OBBA - Orisá feminino do Rio Oba.
OLÓRUN - Deus supremo.
OLÓSÀ - Orisá da Lagoa
ORAMIFE - Orisá pai de Sangô.
ÒRANMIYÀN - Orisá da Guerra, considerado pai de Sangô em Ile Ifé.
ÒRÒ - “Força do Mundo”.
ÒRUNGAN - Filho de Yemojá
ÒRÚNMÌLÀ - Orisá do Destino, profeta de Ifá, encarnação física do espírito da Pureza (Èlà).
ÒRUN ÒKÈ - Orisá da Montanha, no Reino Invisível dos Imortais.
ÒSÁNYÌN - Orisá das Plantas e da Medicina.
ÒSÓÒSÌ - Orisá Rastreador da Floresta.
OSUN - Orisá do Rio, da Fertilidade, da Sensualidade e da Abundância.
OYA - Orisá do Vento; Orisá do Rio Niger.
ÒRÀÁNYÀN - Orisá – Primeiro rei de Oyó.
ÒRÀNGUN - Orisá neto de Odùdúwà.
PORIPON SIGIDI - Orisá do Combate.
SÀARAGAÁ - Orisá que forma a consciência (Orí), significa: O estranho local da individualidade.
SÙNGBÈMI - Orisá que forma a consciência (Orí), significando “fique mais perto de Mim”.
SÀNGÓ - Orisá do raio e do trovão, quarto alafin de Oyó.
SIGIDI - Mensageiro dos espíritos guerreiros, que protegem uma determinada linhagem familiar.
SIGIDI SUGUDU - Orisá dos Pesadelos
SÒPONNÀ - Orisá da Varíola
YEMÒ - Esposa de Obàtálá.
YEMÒWÓ - Esposa de Obàtálá.
YEMÒJA - Orisá do Rio Ogun, significa Mãe dos Peixes

Forças Espirituais

ÀASÀ - Espíritos Femininos
ÀBIKÚ - Espíritos de Crianças pequenas que têm vida curta entre as reencarnações.
ÀJÍNDE - Espírito de um ancestral (Egún) que fala no próprio funeral através de um médium
AGBASÀ - O espírito das pedras sagradas
AJOBI - Ancestrais de uma mulher, do lado feminino da família.
AJOGÚN - Espíritos destruidores que trazem morte, doenças e pobreza. São geralmente associados ao Mensageiro dos Orixás (Esu) e considerados um aspecto da dinâmica de equilíbrio da natureza.
ÀRÍWA - Espíritos do Norte, Espíritos Ancestrais.
ARONIMOJA - Espíritos da Floresta, elementais.
AYÉLALÀ - Espírito coletivo das Mães Ancestrais
ELÉNÌNÍ - Espíritos Elementais que bloqueiam o crescimento humano. Costumam ser gerados pelo medo interiorizado.
ÈBORA - As forças da Natureza (Orisás) que dão proteção, o Mensageiro dos Orisás, Esu; O guardião da Consciência, Osum; o desbravador, Osossi; e o dono do ferro, Ogum.
EBURU - Espíritos elementais destruidores
EBURÚ - Espíritos elementais que trabalham com Obaluaiye, orisá das doenças infecciosas.
ÉGÚN - O espírito de um ancestral
ELÉRÉ - O espírito de uma criança que morre cedo e reencarna com o mesmo destino; o mesmo que abiku.
EMERE - Espíritos Elementais
ÈMÍ ÒRÌSÀ - Força da Natureza (Orisá)
GUUSU - Espíritos do Sul, uma referência aos espíritos que trazem transformação espiritual.
ÌBAMOLÈ - Forças Espirituais da Natureza (Orisás) que merecem respeito.
ÌGBAMOLE - Cabaça de Luz, referência à polaridade primária da Criação, no início dos tempos, e uma referência às forças espirituais que iluminam o mundo.
ILÀ ÓÒRÙN - Espíritos do Leste, uma referência aos espíritos da sabedoria.
ÌMÓLÈ - Forças da natureza (orisás) eu suas primeiras manifestações como expressões de luz, significando “Casa da Luz”
ÌRANSE-OLÓRUN - Mensageiros da Origem dos Seres (Olodumare), nome votivo para as forças da natureza (Orisás)
IRÚNLÈ - Espíritos de todos os ancestrais (Egún).
IRÚNMÒLE - Forças da Natureza (Orisás) que criaram a Terra
IWIN - Espírito dos fantasmas, uma referência aos espíritos humanos que vagam na Terra.
ÌWÒ OÒRUN - Espíritos do Oeste, referência aos Espíritos da fartura.
OLORÍ - Orisás que organizam a consciência pessoal, orisá guardião, uma referência ao orisá associado ao caráter e ao destino de uma pessoa.
OLOSE - Força da Natureza – O mesmo que Orisá
OLUÉRI - Orixás dos Rios.
ÒÒSÀ - Força da Natureza (Orisá)
ÒRÌSÀ - Força espiritual da Natureza, que dirige a evolução por meio de sua exclusiva forma de consciência.
ÒRÌSÀ ÌDÍLÉ - Espíritos de uma família
ÒRÌSÀ ÌLÚ - Orisás guardiões das cidades e vilas na cultura Ioruba; cada cidade louva um orisá em particular.
ÒRÌSÀ ORÍ - Orisá da consciência pessoal, Orisá guardião.
ÒRÌSÀ – ORÍLE - Orisá da Nação.
OSARA - Forças da Natureza. O mesmo que Orisá, significando “aquele que reúne os filhos”.
OSI - Espírito dos Ancestrais (Egun)
OLOKANRAN - Entidades das Profecias, que falam do futuro.
WÒRÒKÒ - Espíritos Elementais que trabalham com o Orisá das doenças infecciosas (Obaluaiye), ajudando-o a espalhar as doenças.

OGÚN OFERECEU À SUA ESPOSA OYA SEU AKORO

OGÚN, o ferreiro de Ire, gostava de sua liberdade. Morava na forja, na última rua da cidade, com sua esposa OYÁ, que o ajudava. Sua casa não tinha porta ou janela e o teto era formado pelas folhas de mariwo, que impediam a chuva e o excesso de sol de incomodá-lo.
 Ele via os amigos passarem na rua e os saudava com um aceno. Era considerado homem importante, e fora presenteado pela comunidade com um "AKORO", pequena coroa de metal que usava com muito orgulho. Pedira ao seu irmão ODE OSOSSI (existem inúmeros Odés), o caçador, que caçasse para ele um enorme touro selvagem que vivia por perto. 
Tratou o couro do animal e fez dele um enorme fole. Sua esposa OYÁ manejava o fole o dia todo, enquanto ele trabalhava na forja, com o calor em seu rosto. E quem passava naquela rua ouvia a música que saia da forja: "Wuuush", fazia o fole. "LAKAIYE, LAKAIYE", ecoavam a bigorna e o martelo. Havia muito trabalho e Ogún e Oyá não paravam nunca
Uma família resolveu certo dia realizar uma festa para o velho Pai que morrera no ano anterior. Contrataram a Sociedade Egungun da aldeia, cerimônias de propiciação foram feitas pelos Sacerdotes, e o Egungun do velho Pai passeou todo o dia pela cidade, com a família e os amigos atrás, felizes de rever seu Pai de volta ao mercado, tomando sol na praça, andando na estrada, entrando nas casas, brincando e conversando com todos.

 Bem mais tarde, Egungun passou pela forja, para rever seu amigo ferreiro. E, ao ouvir a música que saia de lá, pôs-se a dançar na rua. Todos ao seu redor riam e gritavam de alegria, Ogún acelerava os movimentos, e o "LAKAIYE, LAKAIYE" saia mais forte. OYÁ manejava rapidamente o fole, e ouvia-se "Wuuush, wuuush, wuuush", quase sem parar. O povo aplaudia aquela música e cada vez mais juntava gente ao redor da forja. Ogún estava muito orgulhoso de sua mulher. 
Ela realmente era muito forte, tinha bom ritmo, sabia como transformar seu fole em um instrumento musical, e com isso encantara e dominara EGUNGUN, tido como difícil de lidar. A noite caiu e Egungun ainda dançava na rua.
Ogún disse à Oyá que largasse o fole e fosse dançar com Egungun. Ele ao mesmo tempo manejaria o fole e bateria o martelo. E por horas e horas, Oyá e Egungun dançaram e alegraram o povo de Ire. Ogún então tirou seu AKORO da cabeça e presenteou com ele sua esposa Oyá, dizendo à ela: "OYÁ, IYAWO MI, AKORO MI LONÃ." (Oyá, minha esposa, use meu akoro na rua).
E a partir de então, Oyá teve o direito de usar um AKORO de metal na cabeça, direito este que conserva até hoje, na velha Mãe África e no novo mundo, sendo a única YAGBA que pode fazê-lo, uma vez que seu marido OGÚN, ALAKORO (o dono do akoro), a autorizou a isto.
Oyá ficou conhecida então como "AQUELA QUE USA AKORO NA RUA", "aquela que faz Egungun dançar com a música da forja", "a Mãe que dança com o filho toda a noite sem se cansar", "a poderosa Mãe que conseguiu cansar Egungun", "mulher de Orisá Ogún que recebeu dele o AKORO e com ele divide os poderes sobre a forja", "a que tem akoro e o usa na rua, sem que seu dinheiro tenha sido gasto para isso".


Fonte:

Ìyá Sandra Medeiros Epega
Awofa Ifakemi Miguel

Reza

ÒLÒJÒ ÒNÍ MÒJÙBÁ RÉ
ÒLÚDAIYÈ MÒJÙBÁ RÉ
MÒJÙBÁ ÒMÒDÉ
MÒJÙBÁ ÀGBÀ
BI ÈKÒLÒ BA JÙBÁ ÌLÉ
ÌLÉ A LANU KÍ ÌBÀ MI SÈ
MÒJÙBÁ AWÓN ÀGBÀ MÉRÌNDÌNLÒGÚN
MÒJÙBÁ BÀBÀ MI
MÒ TÙN JÙBÁ AWÓN ÌYÁ MI
MÒJÙBÁ ÒRÚNMILÁ ÒGBÀIYÈ GBÒRÚN,
OHUN TÍ MÒBÁ WI LÒJÒ ÒNÍ
KÒ RÍ BÉÉ FÚN MI JÒWÒ
MÁ JÉ KÍ ÒNÀ MI DI NITORI ÕNÀ
KÍÍ DÍ MÓ ÒJÒ ÒNÀ KÌÍ DÍ MÓ ÕGÙN OHUN
TÍ A BA TI WÍ FÚN ÒGBÀ L’ÒGBÀ NGBÀ
TI ÍLÁKÒSÉ MI SÈ LÁWUJÓ ÒWÚ
TI ÈKÉSÈ NI NSÉ LÁWUJÓ ÒWÚ
ÒLÒJÒ ÒNÍ KO GBÁ ÒRÒ MI
YÈ WÒ YÈ WÒ YÉWÒ
ÀSÉ, ÀSÉ, ÀSÉ.

Oh! Senhor do dia de hoje, sua benção
Oh! Criador da terra, sua benção
Sua benção, crianças Sua benção.
Oh! Mais velho
Se a minhoca pede alimento à terra
A terra a concederá
Que assim, o meu pedido seja concedido
Peço permissão aos anciãos dezesseis òdú
Sua benção, meus Pais
Ainda peço, permissão as minhas mães
Sua benção, Orunmila, que vive no céu e na terra
Que, o que eu disser hoje
Assim seja para mim
Por favor, não permita que meu caminho seja fechado
Porque o caminho nunca é fechado para o dia
O caminho não será fechado para a magia
Qualquer coisa que disser para Ogba ele aceitará
O que Ilakose diz é a ultima palavra
Assim como Ekese é o ultimo da família do caramujo
Oh! Senhor do dia de hoje, aceite minha palavra.
Assim seja, Assim seja, Assim seja.

PRECE AOS HOMENS DE BOA VONTADE

  Senhor      
 
No silêncio deste dia que amanhece,
Venho pedir-te a Paz, a Sabedoria, a Força.
Quero olhar hoje o mundo com os olhos cheios de amor,
Ser paciente, compreensivo, manso e prudente.
Quero ver, além das aparências teus filhos,
Como Tu mesmo os vês,
E assim, Senhor, não ver senão o Bem de cada um.
Fecha meus ouvidos a toda a calúnia.
Guarda minha língua de toda a maldade.
Que só de bênçãos se encha a minha alma.
Que eu seja tão bom e alegre,
Que todos aqueles que se aproximem de mim
Sintam a Tua Presença.
Reveste-me de Tua Beleza, Senhor
E que no decurso deste dia, eu Te revele a todos.

A pedido de Nara Khalil