sábado, 25 de dezembro de 2010

Òrúnmìlà


Deus do destino, regente dos oráculos, Òrúnmìlà é um outro nome de Ifá.

Não é Orisá.
Encontra-se num plano mítico e simbólico superior ao dos outros orisás. Se Olórún é o ser supremo dos yorubás, o nome que dão ao Absoluto, Òrúnmìlà é a sua emanação mais transcendente, mais distanciada dos acontecimentos do mundo sub-lunar.

Ritual de Òrúnmìlà é extremamente rico e complexo e atesta a profundidade da tradição yorubá preservada, em alguns lugares no Brasil, tornando-o de fato equivalente, em riqueza mítica e simbólica.

Na tradição de Ifé é o primeiro companheiro e "Chefe Conselheiro" de Odùduà quando da sua chegada à Ifé. Outras fontes dizem que ele estava instalado em um lugar chamado Òkè Igèti antes de vir fixar-se em Òkè Itase, uma colina em Ifé onde mora Àràbà, a mais alta autoridade em matéria de adivinhação, pelo sistema chamado Ifá. É também chamado Àgbónmìrégún ou Èlà. É o testemunho do destino das pessoas e, por esta razão, é chamado Eléèrì Ìpín.

Os babalaôs (pais do segredo), são os porta vozes de Orunmilá, que não é Orisá nem ebora. A iniciação de um babalaô não comporta a perda momentânea de consciência que acompanha a dos orisás. Não se trata de ressucitar no incosciente do babalaô o "eu perdido", correspondente à personalidade do ancestral divinizado.
É uma iniciação totalmente intelectual. Ele deve passar um longo período de aprendizagem, de conhecimentos precisos,em que a memória, principalmente, entra em jogo. Precisa aprender uma quantidades de Itans (histórias) e de lendas antigas, classificadas nos duzentos e cincoenta e seis odú (signos de Ifá), cujo conjunto forma uma espécie de enciclopédia oral dos conhecimentos do povo de língua yorubá.

Todo indivíduo nasceu ligado a um desses 256 odú. No momento do nascimento de uma criança, os pais pedem ao babalaô para indicar a que odú a criança está ligada. O odú dá a conhecer a identidade profunda de cada pessoa, serve-lhe de guia na vida, revela-lhe o orixá particular ao qual ele deve eventualmente ser dedicada, além do da família, e dá-lhe outras indicações que a ajudarão a comportar-se com segurança e sucesso na vida.
Dois sistemas permitem ao babalaô encontrar o signo de Ifá que está sendo procurado, chave do problema que lhe apresenta o consulente. Um deles é bastante elaborado, manipula-se de acordo com certas regras, dezesseis caroços dos frutos do dendezeiro, chamados "coco de Ifá", os ikin ifá, o outro é mais simples e consiste em utilizar um opele ifá, uma corrente onde estão enfiadas oito metadas do caroço de uma certa fruta.

Um odú de ifá é formado pelo conjunto de duas colunas verticais e paralelas, de quatro índices cada uma; cada índice compõe-se de um traço vertical ou de dois traços verticais. Há dezesseis combinações possíveis para cada uma das colunas e cada uma delas tem um nome.

1) Ogbè
2) Oyèkú
3) Ìwòri
4) Òdí
5) Ìrosùn
6) Òwónrín
7) Òbàrà
8) Òkànràn
9) Ògúndà
10) Òsá
11) Ìká
12) Òtúrúpòn
13) Òtúrá
14) Ìrètè
15) Òxé
16) Òfún

Cada um desses dezesseis nomes justapostos, com eles mesmos ou com algum dos quinze outros, forma o nome de um dos duzentos e cincoenta e seis odú.

Orunmila embora não seja um orisá, participa muitas vezes nas histórias de Ifá, da vida e das aventuras dos deuses yorubás.


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