quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Ori

Orunmilá reuniu todos os orisás  em sua casa, e lhe fez a seguinte pergunta:

Quem dentre os orisas pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais?

Sangó respondeu que ele podia, então lhe foi perguntado, o que ele faria depois de ter andado, andado e andado, até as portas de Cossô, a cidade de seus pais, aonde iriam lhe preparar um amalá e oferecer-lhe uma gamela de farinha de inhame, onde dariam orobôs e um galo, um aquicó, Sangó respondeu:
" Depois de me fartar, retornarei a minha casa "
Então foi dito a Sangó, que ele não conseguiria acompanhar seu devoto, numa viagem sem volta aos mares.
Aos que entrava pela porta e ali ficavam em pé, Ifá fez a pergunta:

" Quem dentre os orisás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais? "
Oya respondeu que ela poderia.
Foi lhe perguntado,o que ela faria depois de caminhar uma longa distância,caminhar e caminhar e chegar à cidade de Irá, o lar dos teus pais, aonde lhe ofereceriam uma gorda cabra e lhe dariam um pote de cereal.

Oya respondeu:

" Depois de comer até me satisfazer, voltarei para casa "
Foi dito a Oya que ela não poderia acompanhar seu devoto numa viagem sem volta além dos mares.

A todos os orisás reunidos por Orunmilá, Ifá fez a seguinte pergunta:

" Quem dentre os orisás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais? "
Osalá disse que ele poderia.
Foi lhe perguntado então:
O que ele faria depois de caminhar  uma longa distância,caminhar e caminhar e chegar à cidade Ifom, o lar dos seus pais, onde matariam duzentos igbins, servidos com melão e vegetais.

Osalá respondeu:
" Depois de comer até ficar saciado, voltarei para minha casa "
Foi dito a Osalá que ele não poderia acompanhar seu devoto numa viagem além doa mares.

A todos os Orisás reunidos por Orunmilá, Ifá fez a seguinte pergunta:
" Quem dentre os orisás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais? "
Esú respondeu que ele podia acompanhar seu devoto.
Então foi lhe perguntado:
" O que farás depois de caminhar uma longa distância, caminhar e caminhar , e chegar à cidade de Queto, o lar dos seus pais, e ali te derem um galo e grande quantidade de azeite-de-dendê e aguardente?
Ele respondeu que:
Que depois de se fartar ele voltaria para casa,foi dito a Esú:
" Não, não poderias acompanhar teu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar ".

A todos os Orisás reunidos por Orunmilá, Ifá fez a seguinte pergunta:
" Quem dentre os orisás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais? "
Ogum disse que ele sim poderia.
Foi lhe perguntado:
O que ele faria depois de caminhar uma longa distância, caminhar e caminhar  e chegar à cidade de Irê, o lar de seus pais, onde haviam de lhe oferecer feijões-pretos cozidos e lhe matar um cachorro e um galo.
Ogun respondeu:
" Depois de me satisfazer, voltarei para a minha casa, cantando alto e alegremente pelo caminho "
Foi dito a Ogun que ele não poderia acompanhar seu devoto numa viagem sem volta além dos mares.
A todos os Orisás reunidos por Orunmilá, Ifá fez a seguinte pergunta:

" Quem dentre os orisás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais? "
Osun disse que ela podia.
Foi lhe perguntado:
" O que farias depois de caminhar uma longa distância ,caminhar e caminhar, e chegar a cidade à cidade de Ijimu, o lar de seus pai , onde te dariam cinco pratos de feijão- fadinho com camarão, tudo acompanhado de vegetais e cerveja de milho ?"
Respondeu Osun:
" Depois de me saciar, voltaria para minha casa ".
E foi dito a Osun que ela não poderia acompanhar seu devoto numa viagem sem volta alem dos mares.

A todos os Orisás reunidos por Orunmilá, Ifá fez a seguinte pergunta:
" Quem dentre os orisás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais? "
A todos os Orisás reunidos por Orunmilá, Ifá fez a seguinte pergunta:
" Quem dentre os orisás pode acompanhar seu devoto numa longa viagem além dos mares e não voltar mais? "
O próprio Orunmilá disse que ele poderia, disse que poderia seu devoto numa viagem sem volta alem dos mares.
Foi lhe perguntado:
" O que farás depois de caminhar uma longa distância, caminhar e caminhar e chegar à cidade de Igueti, o lar dos teus pais, onde vão te oferecer dois ligeiros preás, dois peixes, nadam graciosamente, duas aves fêmeas com grande fígados, duas cabras pesadas de prenhas, duas novilhas com grandes chifres?
E onde vão preparar inhames pilados, mingaus de farinhas brancas e a mais preciosa de todas as cervejas?
E também te oferecer os mais saborosos obis, e as melhores pimentas doce?
" Depois de me fartar ", respondeu Orunmilá " Voltarei para minha casa "
O sacerdote de Ifá ficou pasmo, não conseguia dizer uma só palavra sequer.
Porque ele simplesmente não entendia essa parábola.

Disse ele:

" Orunmilá, eu confesso minha incapacidade. Por favor, ilumina-me com tua sabedoria .
Orunmilá, és o líder, eu sou o teu seguidor.
Qual é a resposta para a pergunta sobre quem dentre os Òrisàs podem acompanhar seu devoto numa viagem sem volta além dos mares?"
Falou Orunmilá:

" A unica resposta é ....Ori.
Somente Ori
Disse Orunmilá:
" Quando morre um sacerdote de Ifá, dizem que seus apetrechos de adivinhação, devem ser deixados numa corrente d'água.
Quando morre um devoto de Sangô, dizem que suas ferramentas devem ser despachadas.
Quando morre um devoto de Osalá, dizem que sua parafernália deve ser enterrada ."
Disse também Orunmilá:
" Mas quando os seres humanos morrem, a cabeça nunca é separada do corpo para o enterro.
Não. Lá esta Ori. Lá vai ele junto com o seu devoto, a qualquer lugar "
Falou ainda Orunmila:
" Pois o Ori é o único que pode acompanhar seu devoto numa viagem alem do mares"

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