quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Yewa

Íyewá é um Vodun feminino da família Dambirá, filha de Toy Azonze e Dambala, irmã de Boçalabê nasceu para ser o símbolo da pureza e da beleza dos deuses. Do nascimento a fase adulta Iyewá viveu na familia de Dan onde representava a faixa branca do arco-íris onde também mora Ojiku. Recebeu de Dan-Wedo o poder da vidência, da riqueza, e todos os corais que existiam no mar que ela pegava com seu arpão.
A beleza física de Iyewá encantava a todos que olhassem em seus olhos, mas essa nunca se encantava com ninguém, pois era o símbolo da virgindade e da pureza. Muitos homens se apaixonaram por ela e todos foram punidos pelos deuses, pois sabiam que era proibido amar a grande virgem.

Iyewá adorava ver o pôr do sol e sempre saía a passear pelos campos flóridos acompanhada por dois bravos guardiões que não permitiam que ninguém se aproximasse dela. Era um casal de gansos brancos, lindos e majestosos. Certo dia, estava Iyewá a apreciar o pôr do sol, quando uma galinha, se aproveitando da distração dos  gansos, aproximou-se e ciscou muita terra sobre as vestes brancas de Iyewá, essa se enfureceu e amaldiçoou a galinha e dai para frente nunca mais quis ver uma em sua frente como também resolveu mudar suas roupas para as cores do por do sol.

Certo dia Iyewá avistou um belo homem, um guerreiro e se encantou por ele. Iyewá enfrentou e desafiou todos os deuses por amor a esse homem e teve como castigo o exílio. Foi expulsa da família de Dan e considerada a cobra má. Durante seu exílio, Iyewá teve que fugir e esconder-se das fúrias dos deuses.
Em sua primeira fuga, Iyewá contou com a ajuda de um grande caçador e guerreiro, Odé, que a escondeu nas profundezas das matas escuras, em terras Yorubanas. Vejamos que Iyewá chega nas terras yorubanas, encontrando abrigo entre os Yorubás que a transformara em uma cobra boa e bela, a metade feminina de Osumare. Por este motivo Osumare e Iyewá, em qualquer ocasião dançam juntos. Vendo-se em um lugar sombrio e sem recursos de
sobrevivência a sua disposição Iyewá aceitou o ofá que Odé lhe oferecera. Aprendeu a caçar junto com ele e com os demais caçadores.

A beleza de Iyewá encantava e perturbava Odé e aos demais que viviam nas matas, pois eles sabiam que não podiam se apaixonar por ela, temiam as fúrias dos deuses. Odé então, fez para Iyewá uma coroa de dans e folhas de palmeiras desfiadas. Mandou que ela a coloca-se, assim ninguém se aproximaria dela com medo das dans e as folhas desfiadas da palmeira esconderiam sua beleza contagiante. Iyewá gostou do presente, pois viu nesse, a possibilidade de esconder-se dos deuses e livrar-se de sua fúria.
Com o uso da coroa Iyewá pode sair da escuridão das matas e ir apreciar o que mais ela amava e representava o pôr do sol.
Faltavam-lhe seus guardiões, pediu ajuda a Odé e esse caçou para ela um casal de gansos negros, pois foram os
únicos que encontrara. E assim, Iyewá passou a ver e viver o pôr do sol novamente em seu exílio.
Passado um tempo, seu pai Toy Azonze foi aos deuses pedir por sua filha Iyewá que já tinha sido por demais castigada.

Depois de muitos pedidos e oferendas aos deuses, esses concederam a Azonze a guarda de Iyewá que deveria morar com ele. Toy Azonze embrenhou-se nas matas a procura de sua filha e a encontrou junto com Odé.
Como agradecimento por tudo que fez por Iyewá, Toy Azonze deu a Odé um par de chifres e o poder de chamá-lo, e aos espíritos da caça quando assim precisasse. Iyewá foi morar no reino dos mortos junto com Toy-Azonze e com esse passou a exigir o cumprimento da moral e dos bons costumes. Em sua nova morada Iyewá recebeu o caracolo ou Aracolê, que nada mais é do que a cabaça mágica, que contém os pós encantados, o ofó, que são preparados e
encantados com muita sabedoria de quem possui esses fundamentos, a função do Aracolê é de proteger contra inimigos, e faz desaparecer sem que se saiba como nem porque, ou camuflar-se, dando-lhe também o poder de se transformar no que quiser e bem entender, como por exemplo, pode reaparecer como uma fada, uma bruxa, uma
velha, uma moça, uma rainha, serva, ou como um pássaro, principal sinal do elemento feminino, o que a faz ser uma Elèyé (feiticeira que se transforma em pássaro), ou como serpente animal sobre o qual exerce poder e fascínio, símbolo de sabedoria e antiguidade, e com quem tem grande cumplicidade e aliança, poderes esses adquiridos em suas origens de Vodun. Nessas horas ela se indentifica-se com Yami-Osoronga, a terrível mulher-pássaro, chefe de todas as Yamis (feiticeiras), portanto o Aracolê é o grande asé de Iyewá, sem o ato do Aracolê, e outros atos mais profundos, que são exigidos para que uma iniciação seja vinculada e perfeita no TA de uma iniciada, esta torna-se incompleta. Portanto o Aracolê é onde ela guarda todos os segredos dos ancestrais e os invoca quando é necessário e o Eruxim com o qual espanta os Eguns enviando-os para os caminhos de Aveji-Da (Oyá). Sempre que possível Iyewá engana Iku (morte) e salva uma vida.

Iyewá é um Vodun raríssimo de ser encontrado no TA (cabeça) de alguém. A feitura de Iyewá deve ser sempre em TA
de virgens e nunca em TA de homens. Por ter o poder da vidência, Iyewá tem o poder de nos livrar do ""olho grande"" e das invejas. Quem sabe cuidar desse Vodun, se livra facilmente dos invejosos.
Encontramos Iyewá tanto nas águas quanto nas matas e mundos subterrâneos (aquático e terrestre), mas seu local
preferido é sempre o horizonte, onde o pôr do sol faz o encontro dos dois mundos e o céu se encontra com a terra, A NOITE CHEGANDO, local este regido pelo Odu Oyeku-Meji. Isso também é Iyewá, é neste momento da noite chegando que Iyewá se transforma em uma linda mulher, a contemplar o céu, as estrelas e adquire grandes forças mágicas. Iyewá é também simbolizada pelos raios brancos do sol, da neve, o sumo branco das folhas, o branco do arco-íris, os espermatozóides, a saliva e ainda, é representada pela cobra fêmea, símbolo da beleza e clarividência. Iyewá também é conhecida com outros nomes entre os Yorubás, nomes sempre carinhosos em louvor aos seus poderes, como veremos mais adiante.
Iroko, o Vodun da árvore sagrada, mestre feiticeiro, nutre uma paixão por Iyewá, sua mestra e rainha, contam os mitos que ela ajudou Iroko a crescer, apesar da convivência entre os dois Voduns não ser das melhores, mesmo assim Iyewá, deita-se nas suas  enormes raízes como se fosse braços, nas noites de lua cheia, no horário em que ninguém se atreve a visitar o Pé de Iroko, e fica a contemplar a beleza do céu estrelado e da lua na imensidão do silêncio ouvindo o vento a cantar.

As virgens contam com a proteção de Iyewá e, aliás, tudo que é inexplorado conta com a sua proteção; a mata virgem, as moças virgens, rios e lagos onde não se pode nadar ou navegar. Iyewá domina a vidência, atributo que o Deus de todos os oráculos, Orunmila lhe concedeu o poder da visão, (veremos mais adiante a lenda contando o porquê Ornmila lhe deu este asé
Ojiku é um Vodun Dan que sempre é muito confundido com Iyewá, assim como Boçalabê sua irmã, Ojiku é considerado a cobra branca e Boçalabê é uma Vodun das águas doces, muito confundida com Oxun e Oya pelos Yorubanos. Em muitas pesquisas pode-se constatar a confusão e controvérsias que as pessoas fazem em relação à Iyewá e esses dois Orisas. Tendo um pormenor, Iyewá não se deixa ver pelos olhos de todos os Awos (adivinhos ou olhadores), normalmente precisa-se fazer alguns atos quando surge este dilema.
Iyewá come cabra, sagué, pato e pombo


Suas comidas são; gosta muito de OBI, epo-pupa (azeite de dendê) aluá, mel, feijão fradinho inteiro ou descascado e temperado com dendê, cebola e camarão, Pirão de Batata doce bem cozida e temperado, batata doce cozida e frita no dendê, farofa de feijão fradinho, babana da terra frita no dendê (algumas casas), e outras iguarias que variam de ase para ase.
 
Obs: Iyewá não come galinhas que é o seu principal EWÓ, inclusive suas filhas também não
podem comer.

Iyewá carrega na mão o TACARÁ que é a principal ferramenta do Vodun Bessen, Usa ADE feito de palha da costa e muito búzio, nos Yorubás ela usa Ofá dado por Odé no seu refúgio, veste-se de vermelho, usa sobre a saia uma saieta  de palha da costa tingida de bordo, suas contas são vermelho translucido e também conta rajada de vermelho e amarelo. Seus idés são confeccionados em palha da costa incrustado de búzios, e tranças de palha da costa com búzios que circundam o contorno de seus braços, representando a Dan.
Sua saudação é AHOBO BOY! HIHÓSeu culto no Brasil é reservado o dia de sábado.

CONCEITOS YORUBÁ
No conceito Yorubá Iyewá passa a ser considerada filha de Obatalá e Oduduwa, as duas metades da cabaça que compõem o Orun e o Ayê, o casal mais poderoso do Universo, todavia também tem quem afirma que é filha de Nanã, a poderosa Yaba Agba, que tal condição lhe deu a Iyewá o titulo de BIMOOYÉ, que quer dizer; nascida filha de um rei.


Enfim Iyewá, Orisá feminino, é a divindade do Rio e da Lagoa Iyewá, Orisa do Rio Iyewá que fica na antiga tribo de Egbado (atual cidade de Iyewá), no estado de Ogun na Nigéria.
 Egbado:
Situado, no Sul-Oeste da Nigéria, África, em 1995 eles mudaram o nome de Egbado para IYEWÁ.
 HISTÓRIA


Egbado alcançou uma independência frágil depois da queda do reino de OYO, mas estava sujeito  a ataques frequentes de outros grupos como o Dahomey. escravão da escravatura (que agarrou entre outros Sarah Forbes Bonetta), e várias tribos que desejaram forçar em deixar aberto as próprias rotas
escravo-comerciando e embarcando-os pelo mar. Ilaro e cidades de Ijanna tinham sido destruídas antes dos anos 1830. Por volta dos anos de 1840 os Egbado que vinha caminhando debaixo do controle de tribo de Egba adjacente que usou o território de Egbado para forjar rotas a Badagry pelo porto de Lagos. Entre os anos de 1860 o Egba abandonou a rota  de escravos porque os britânicos estavam usando a marinha ativamente para tentar abolir o comércio de escravos. Como uma consequência o Egba expediu os missionários britânicos e comerciantes da área em 1867. Depois de 1890 o Egbado pediu uma proteção britânica e adquiriu uma pequena guarnição armada, ficando assim no Egba, A área se tornou parte Colônia Britânica e protegida pela Nigéria em 1914, ficando o Egbado uma Província de Abeokuta. A sede administrativa foi transferida para fora, depois da criação do Estado de Ogun, Província de Abeokuta velha.
EGBADO/IYEWÁ
Em 1995 o Egbado escolheu em renomear para o nome de Iyewá, em homenagem ao  Rio de Iyewá que atravessa a área habitada por eles. Eles são principalmente agricultores  e há muitos artesões no processo têxtil. Eles ficam principalmente situados nas áreas de; ADO-ODO/OTA, IPOKIA. IYEWÁ SUL,
NORTE DE IYEWÁ, IMEKO-AFON, E NORTE DE ABEOKUTA. A área desenvolveu um estilo popular de música, chamada Bolojo, nos ano setenta.
O nível de população é incerto, mas pode ser ao redor dos trezentos mil.


Agora que já temos as informações necessárias sobre o Egbado e a mudança de seu nome para IYEWÁ, veremos a aceitação do Vodun Iyewá em terras Yorubanas e seus conceitos adquiridos pelo povo.
Oduduá vivia insatisfeito com a forma horrivel do Aiê. Tamanha feiúraEm Ilê-Ifé, na Nigéria, Iyewá é conhecida como Yeye Iwara, "mãe do caráter maravilhoso''. Há diversas traduções para esse nome, porem o mais usado é o "senhora da beleza”, no sentido de encanto, fascínio enfim ela é a mãe que tem poder sobre o belo,
irritava-o muito e desencadeava sua cólera. Orunmila aconselhou-o a deixar o
assunto nas mãos artísticas de Iyewá.

Não era tarefa fácil de fazer. Iyewá começou a pensar como poderia desempenhar as ordens de Oduduwa, sem muita paciência, poderosíssimo e irascível, que não gostava de ser contrariado. Foi falar com Orunmila, o qual aconselhou-a assumir a forma do Camaleão. Assim, poderia dar conta da tarefa. Dito e feito. Ela se transformou no camaleão e, como tal, aplainou ao máximo a superfície da terra,
deixando-a linda, linda e uniforme para o deleite de Oduduá, que ficou encantada e confirmou a filha no papel da senhora do mimetismo.
Iyewá é um Orisa dona das poções e do veneno, tendo o dom de proteger contra as doenças infecto-contagiosas e picadas de serpentes venenosas, tem também o poder de castigar os maus e agressores da natureza que é seu habitat, privando-os, em todo ou em parte das chamadas sensações perceptivas; se alguém não percebe o gosto da comida e o perfume das manhãs, se começa a escutar música barulhenta e sem qualidade, alto demais; se deixar de ver o verde das florestas com certeza invadiu o domínios da  senhora das percepções e incorreu em seu desagrado.


Iyewá é o Orisa da música, o produto de todos os sons existentes na natureza reunidos de forma harmônica. Os sons age na emoção causando bem estar, prazer, ou repúdio e dor. É Iyewá que possibilita que nossos ouvidos distingam e classifiquem os diferentes sons. Agindo sobre os sentidos, separa a harmonia da desordem musical, propiciando o discernimento dos sons, fazendo com que
reconheçamos os sons harmônicos e os desafinados.

Iyewá é a tradutora universal, sobre a proteção de Esu  no que possibilita o aprendizado de vários idiomas à um ser humano e o entendimento de todos eles, criando também, a persuasão pela fala que canta, pela força do discurso, pela magia da palavra pronunciada.
 
Nas matas Iyewá confunde os invasores com sons de pássaros, gargalhadas e chocalhos de cascavéis;
com o aparecimento de cobras e bichos peçonhentos; com águas em movimento e reflexos de cores avermelhadas, do coral ao amarelo, seus tons prediletos; confunde-os tambem com o odor das coisas, cria o cheiro de fumaça que não existe, de alimentos imaginários, de essências raras  que se transformam em fétidas e repulsivas.
Iyewá domina as ações secretas em todos os níveis, da camuflagem à metamorfose, pode tomar a cor que quiser, propriedade de alguns animais como o camaleão, aliado das senhoras dos sentidos e também é o seu EWO em seu culto. Por isso o principal pedido que se faça a Iyewá quando se encontramos em dificuldades é que possamos ser invisíveis para os nossos inimigos. No conceito dos Yorubas ora é
considerada irmã de Yansâ, ora esposa de Osumare, mais o seu nome sempre significa beleza e graça

VERGER- conta que na Nigéria, Abimbola publicou em itan Ifá contando que Iyewá se encontrava na beira do rio com uma gamela cheia de roupa para lavar e de repente avistou de longe um homem que vinha correndo em sua direção. Era Orunmila que vinha fugindo de Iku (a morte). Pedindo seu auxilio. Iyewá despejou toda a roupa que estava na gamela no chão e emborcou-a em cima de Orunmila e sentou-se em cima da gamela. Daí a  pouco chega Iku perguntando se não viu passar por ali um homem e dava a descrição de Orunmila. Iyewá respondeu que viu, mas que ele havia descido rio abaixo e Iku seguiu o seu caminho no encalço de pega-lo.
Ao desaparecer, Orunmila saiu debaixo da gamela e levou Iyewá para casa, a fim de torná-la sua mulher (também existe outra versão desta lenda)
 
Dentro dos conceitos que acabamos de ver Iyewá é uma divindade de maiores requisitos para
ser cultuada, tanto nos conceitos de sua nação de origem como nos Yorubás.

Awofa Ifakemi Miguel

Um comentário:

  1. Sou iniciado , filho de Sango enriqueci meus conhecimentos. Asé

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