segunda-feira, 2 de julho de 2012

Criação do Mundo (Finlândia)

A águia dos ovos de ouro


Luonnotar, moça linda e etéra, deslizava no azul. Fazia isso a anos, séculos talvez... Filha da natureza, flutuava no espaço infinito e deserto. Pouco a pouco, sentiu-se invadir por grande  cansaço. Estava farta daquela existência solitária, queria  conhecer outras coisas...

Longe, muito longe, no fundo do domínio aéreo de Luonnutar, ficava o mar, tambem o infinito. A moça tomou impulso e, a toda a velocidade, desceu das alturas onde vivia. Foi pousar em pleno oceano, sobre a crista da ondas. Quando soprou um vento violento, ela conheceu a tempestade e ficou muito tempo à deriva, jogada de um lado para o outro, como um barquinho frágil.

Depois,  veio a calamaria e Luonnotar sentiu dentro de si uma força nova. Soube então que estava esperando um filho, o qual só nasceria quando ela tivesse  preparado o mundo para recebê-lo.

Durante nove anos, Luonnotar explorou o mar  sem fim, na esperança de descobrir  uma praia onde pudesse parar para descançar.

Mas foi em vão. Estaria condenada a vagar para sempre sobre as ondas? Ficou com medo e chorou, implorando piedade ao Deus supremo , Ukko, senhor das  vastas regiões do ar.

Com os olhos ofuscados pelas lágrimas, não viu a àguia de enormes asas que voava sobre a imensidão marinha. Era uma fêmea, em busca de um lugar para constrir seu ninho. Mas, coitada, aquele mundo de água e vento não lhe oferecia nenhum abrigo,  e ela começou a distanciar-se lançando gritos muito tristes.

Luonnotar ouvi-a e, boiando de costas para melhor enxergar o pássaro, lenantou um joelho sobre as ondas. A águia mergulhou para ilhota providencial, onde logo contruiu um ninho e botou sete ovos - seis de ouro e um de ferro.

A ave chocou os ovos durante três dias. Luonnotar nem ousava mexer-se, mas ao fim do terceiro dia sentiu o joelho arder e não conseguiu permanecer imóvel. Esticou a perna e sacudiu-a. Os Ovos rolaram, cairam na água e quebraram-se. Entretanto, em vez de afundarem, os diferentes elementos que compunham  cada ovo transformaram-se, sob o olhar espantado de Luonnotar. As cascas quebradas dos ovos de ouro ficaram gigantescas. Umas subiram,  bem  leves, até as regiões mais altas do ar, onde, supensas, formaram a abóbada celeste. Outras se juntaram para formar a Terra. As gemeas tornaram-se o Sol; as claras, a Lua. Já os pedacinhos das cascas deram origems estrelas e às nuvens, confrme fossem  dos ovos de ouro ou do ovo de ferro.

Durante nove longos anos, Luonnotar continuou  à deriva. Agora, já podia distrair-se contemplando o novo mundo que a cercava. Mas acabou cansando-se outra vez, pois aquela Terra jovm era inteiramente plana e monótona. Por isso, no décimo verão, Luonnotar resolveu embelezá-la com esculturas. Para esse trabalho de artista, utilizou seu próprio corpo. Onde estendia o braço, nascia um promontório. Modelou o litoral alisando-o com os quadris ou batendo-o com a testa. Seus pés desenharam vales, e suas mãos criaramilhas e rochedos. Mergulhou no fundo do abismo marinho e escavou grutas e cavernas. Onde encostava o corpo, brotaram fontes fontes e rios.

Depois que se afastava, surgiram lagos, os quais serviam de espelho ao sol. Terminado o trabalho, Luonnotar enfim pôs no mundo o filho que trazia no ventre havia tantos anos - o herói Wainamoinen, que seria o primeiro e cultivar a Terra modelada por sua mãe.

Emergindo do Oceano, Luonnotar esculpiu a Terra.



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